Calprotectina fecal em pacientes com espondiloartrite
Resumo
Resumo: Fundamentação: A inflamação intestinal está intimamente relacionada com a fisiopatologia das Espondiloartrites (SpA). A calprotectina fecal, uma proteína citosólica importante liberada durante a ativação de neutrófilos, tem sido usada para medir o grau de inflamação intestinal. O fenótipo da SpA pode mudar de acordo com a população estudada, enfatizando a importância dos estudos locais. Objetivo: Estudar os níveis de calprotectina fecal em uma amostra de SpA em pacientes brasileiros e sua relação com variáveis epidemiológicas, clínicas e de tratamento, bem como com o grau macro e microscópico de inflamação intestinal. Métodos: Foram estudados 85 pacientes com SpA para as características epidemiológicas e clínicas, índices funcionais e inflamatórios e níveis de calprotectina fecal medidos por ELISA (Bühlmann, Basel, Switzerland). Colonoscopia com biópsias intestinais (íleo terminal, ascendente do cólon, transversal e descendente e reto) foi realizada em 39 deles. No momento da colonoscopia, uma segunda dosagem de calprotectina foi feita após a suspensão, de pelo menos 4 semanas, de drogas anti-inflamatórias não esteroidais usadas (AINHs). Resultados: Em 24/85 (28,2%) dos pacientes, a calprotectina fecal foi <50 mícrong /g; em 43/85 (50,5%) os valores estavam entre 50 e 200 mícrong /g e em 18/85 foram > 200 mícrong /g. Na análise univariada, os níveis de calprotectina fecal foram maiores nos pacientes com espondilite anquilosante (p <0,0001), em indivíduos com envolvimento axial (p = 0,002) e naqueles com uveíte (p = 0,04); foi menor nos com envolvimento da pele (p = 0,0004). Nenhuma associação foi encontrada dos valores da calprotectina com parâmetros inflamatórios e funcionais da SpA, queixas gastrointestinais, presença de HLA B27 e medicamentos usados (todos p = ns). O estudo de regressão múltipla mostrou que apenas o diagnóstico de SpA e envolvimento axial foi associado independentemente com níveis de calprotectina. Após a suspensão de AINEs, observou-se uma queda nos níveis de calprotectina fecal (de valores medianos de 215,0 mícrong /g para 76,0 mícrong /g; p = 0,01). Na colonoscopia, 33,3% dos pacientes apresentaram sinais macroscópicos de inflamação e esses pacientes apresentaram maior valor de calprotectina do que outros (p = 0,009). O exame microscópico mostrou que todos os pacientes apresentavam infiltrado linfoplasmocítico e infiltrado eosinofílico; a erosão epitelial esteve presente em 27,2% e 92,5% apresentaram hiperplasia linfoide. Conclusões: Pacientes com espondilite anquilosante e formas axiais da doença têm níveis mais altos de calprotectina do que as demais formas de SpA. Indivíduos com todos os tipos de SpA apresentam alterações inflamatórias microscópicas no intestino Abstract: Background: Gut inflammation is closely related to Spondyloarthritis (SpA) pathophysiology. Fecal calprotectin, a major cytosolic protein released during neutrophils activation, has been used to measure the degree of gut inflammation. The phenotype of SpA may change according to studied population stressing the importance of local studies. Aim: To study the fecal calprotectin levels in a sample of SpA in Brazilian patients and its relationship with epidemiological, clinical and treatment variables as well as with the macro and microscopic degree of gut inflammation. Methods: Eighty-five SpA patients were studied for epidemiological and clinical features, functional and inflammatory indexes and fecal calprotectin levels measured by Bühlmann (Basel, Switzerland) ELISA kit. Colonoscopy with intestinal biopsies (terminal ileum, colon ascendant, transverse and descendent and rectum) were done in 39 of them. At time of colonoscopy, a second calprotectin level was done after suspension of, at least, 4 weeks of used anti-inflammatory nonsteroidal drugs (NSAIDs). Results: In 24/85 (28.2%) of the patients, the fecal calprotectin was <50 mícrong/g; in 43/85 (50.5%) the values were between 50 and 200 mícrong/g and in 18/85 were >200 mícrong/g. In univariate analysis fecal calprotectin levels were higher in Ankylosing Spondylitis patients (p<0.0001) and in those with axial involvement (p=0.002) and uveitis (p= 0.04); it was lower in those with skin involvement (p=0.0004). No relationship was found with SpA inflammatory and functional parameters, gastrointestinal complaints, presence of HLA B27 and used medications (all p=ns). Multiple regression study showed that only the diagnosis of SpA and axial involvement were independently associated with levels of calprotectin. After suspension of NSAIDs, a drop in fecal calprotectin levels was observed (from median levels of 215.0 mícrong/g to 76.0 µg/g; p=0.01). In the colonoscopy, 33.3% had macroscopic signs of inflammation and these patients had higher calprotectin (p=0.009) than others. Microscopic examination showed that all patients had lymphoplasmacytic infiltrate and eosinophilic infiltrate; epithelial erosion was present in 27.2% and 92.5% had lymphoid hyperplasia. Conclusions: Patients with ankylosing spondylitis and axial forms of diseases have higher calprotectin levels and that patients with all types of SpA have microscopic inflammatory changes in the gut
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