Associações entre o banho no leito, as características do sono e a temperatura corporal em pacientes criticamente enfermos
Resumo
Resumo: Pacientes criticamente enfermos estão sob risco de privação do sono e estratégias de promoção do sono devem ser rotineiramente implementadas na unidade de terapia intensiva. O aquecimento corporal passivo, obtido através de uma fonte externa de calor, tem o potencial de promover o sono, mas não se sabe se ele pode ser obtido com o banho realizado no leito, na unidade de terapia intensiva. Objetivo: Comparar o sono de pacientes criticamente enfermos entre noites sem e com banho realizado no leito e verificar se o banho é capaz de estimular o sono através do aquecimento corporal passivo. Método: Neste estudo observacional transversal comparou-se o sono de 30 pacientes adultos criticamente enfermos lúcidos, com enfermidades de baixas gravidades em duas noites sequenciais - sem e com banho realizado no leito, registrando-se fatores ambientais e clínicos potencialmente intervenientes nele. Também se monitorou o impacto do banho realizado no leito na temperatura corporal dos participantes, verificando-se as correlações entre as mudanças desencadeadas pelo banho e os parâmetros do sono. Avaliou-se o sono objetivamente (com o Índice Bispectral) e subjetivamente (com o Questionário de Sono de Richards-Campbell). Mensuraram-se o ruído e a luminância ambientais com decibelímetro e luxímetro profissionais. Mediram-se as temperaturas cutânea e ambiental com sensores térmicos miniaturizados. Resultados: Os pacientes tiveram tempo total de sono reduzido nas duas noites de observação (medianas de 170 e 177 minutos), sem atingir o sono profundo em nenhuma delas. Não houve diferença no sono entre as duas noites de observação. Registraram-se elevados níveis de ruído nas duas noites de observação (57dB) e as noites de banho estiveram associadas a uma maior exposição à luz. Houve correlação moderada entre a oscilação da temperatura epigástrica com o banho e o volume do sono, mas a temperatura epigástrica não prediz nem o volume total do sono nem o volume contínuo do sono. Conclusão: Em pacientes adultos críticos, lúcidos e com enfermidades de baixas gravidades não há diferenças no sono entre noites com e sem banho realizado no leito. Nessa mesma população, os banhos noturnos estão associados a uma maior exposição à luz ambiental; e o aquecimento da pele da região epigástrica ocorrido com o banho se correlaciona com o volume de sono, mas não o prevê. Abstract: Critically ill patients are continually at risk of sleep deprivation and sleep promotion should be routinely implemented in the intensive care unit. Passive body heating, obtained through an external heat source, has the potential to promote sleep, but it is not known whether it can be obtained with a bed bath in the intensive care unit. Objective: To compare the sleep of critically ill patients between nights without a bed bath and verify whether bed bath is capable of stimulating sleep through passive body warming. Method: In this cross-sectional observational study, we compared the sleep of 30 lucid critically ill adult patients, with mild illnesses, on two sequential nights - with and without a bed bath, recording environmental and clinical factors potentially intervening in that sleep. We monitored the impact of baths on participants' body temperature, checking for correlations between changes triggered by bath and sleep parameters. Sleep was assessed with bispectral index and with Richards-Campbell Sleep Questionnaire. Environmental noise and luminance were measured with decibel and lux meters. Skin and environmental temperatures were measured with miniaturized thermal sensors. Results: Patients had reduced total sleep time in both nights of observation (medians of 170 and 177 minutes), without reaching deep sleep. There was no difference in sleep between both nights of observation. We recorded high noise levels in both nights of observation (57dB) and bathing nights were associated with greater exposure to light. There was moderate correlation between epigastric temperature oscillation with bathing and sleep volume, but epigastric temperature predicts neither total sleep volume nor continuous sleep volume. Conclusion: In adult critically ill lucid adult patients with low severity illnesses, there are no differences in sleep between nights with and without a bed bath. In this same population, night baths are associated with greater exposure to ambient light; and the heating of the skin in the epigastric region caused by bathing correlates with sleep volume but does not predict it.
Collections
- Teses [72]