Os pais e o sintoma psicológico da criança : um estudo exploratório dos caminhos percorridos até o psicólogo
Abstract
Resumo: Partindo-se de questões levantadas na prática profissional, pretendeu-se realizar um estudo exploratório com famílias que procuraram o atendimento psicológico para seus filhos, a fim de verificar-se quanto tempo esperavam para buscar tal recurso e identificar se os aspectos a seguir poderiam estar relacionados a esta espera: a possibilidade dos pais reconheceram o que é normal/patológico na infância; o que pensam e sentem frente ao sintoma da criança; as soluções que experimentam e o que pensam sobre o psicólogo e seu trabalho. A pesquisa mostrou que os pais demoram mais de seis meses entre a época que eles situam o aparecimento do sintoma e a chegada até o psicólogo. Podendo-se então dar sequência à pesquisa, obteve-se o dado de que os pais demonstram algum conhecimento a respeito do que seria normal e patológico na infância. Quanto ao que sentem e pensam sobre o sintoma da criança, notamos que eles sentem-se implicados no mesmo, na medida em que atribuem-no à família ou à educação que o filho recebeu. Isto parece gerar culpa, preocupações, desorientação e também contribuir para o retardo na busca de ajuda. Também notou-se que os pais experimentam vários recursos para eliminá-lo, recorrendo principalmente ao meio familiar mais imediato e procurando o psicólogo apenas quando todas as tentativas fracassaram. A visão que eles possuem do psicólogo e do seu trabalho é outro fator que apareceu relacionado a demora na busca de uma ajuda especializada: o tratamento é visto como financeiramente inacessível, além de não ser possível precisar sua duração. O psicólogo parece ter um perfil que o qualifica para apontar erros e corrigi-los. Como os pais sentem-se causadores do sintoma da criança, seria de se esperar que eles se afastassem de quem os iria acusar e corrigir, tentando resolver sozinhos, por todos os meios a dificuldade do filho. Abstract: With issues raised from the professional experience as a starting point, an exploratory study was made with families seeking psychological assistance for their children. This study aimed at checking how long they would wait to seek after this kind of resource and to identify whether or not the following aspects could be related to such delay: the possibility for the parents to recognize what is normal or pathological in childhood; what parents think and feel about the child's symptom; the solutions they try and what they think about therapists and their job. The study showed that parents take longer than six months between the time they situate symptom appearance and the visit to a therapist. In the follow-up, data was obtained indicating that parents show some knowledge on what would be normal and pathological in childhood. Regarding what they feel and think about the child's symptom, we observed that they feel implicated in so far as they blame the family and/or the education that child had. That seems to produce guilt, concerns and disorientation which leads to the delay in seeking for help. It was also observed that parents try several resources to eliminate the problem, searching for help especially within the immediate family circle and seeking the therapist only when all of the previous attempts failed. The view they have of therapists and their job is another factor related to the delay in searching for specialized help: the treatment is seen as financially inaccessible and the duration of the treatment does not seem possible to be precisely determined. The therapist seems to have the profile of those who point faults and correct them. Since parents feel they are the causing agent of the child's symptom, it is reasonable to expect that they become distant from those accusing and correcting them, trying to solve by themselves, in turn and by all means, the child's difficulty.
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