Avaliação do impacto clínico do cuidado interprofissional aos portadores de depressão e ansiedade atendidos em um ambulatório de cuidado farmacêutico no Nordeste do Brasil
Resumo
Resumo: Transtornos mentais são consideradas síndromes que alteram função cerebral e psíquica do indivíduo. O farmacêutico pode contribuir para a melhoria da saúde, bem como auxiliar no melhor uso dos seus medicamentos, e pode fazer parte de equipe de cuidados. Estudos demonstram que o trabalho interprofissional promove melhoria nos desfechos clínicos do paciente e melhora a qualidade do serviço. Nesse contexto, o presente trabalho visa avaliar o impacto clínico do cuidado interprofissional em pacientes com diagnóstico de ansiedade e depressão atendidos em um ambulatório de cuidado farmacêutico. Foi realizado um estudo longitudinal, exploratório e quantitativo, no ambulatório de cuidado farmacêutico, de uma farmácia universitária, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na cidade de João Pessoa- PB. Os pacientes foram avaliados por meio de teleconsulta farmacêutica e teleinterconsulta. Foram incluídos pacientes admitidos de agosto de 2019 a julho de 2022, que tivessem 3 consultas realizadas e diagnóstico de depressão e ansiedade. Os dados coletados foram: principais diagnósticos, os sociodemográficos, hábitos de vida, intervenções farmacêuticas e as pontuações nas escalas validadas para o rastreio e o acompanhamento da depressão e ansiedade, Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) e Beck Anxiety Inventory (BAI), respectivamente. Foram retirados do prontuário e formulários eletrônicos. As pontuações foram coletadas no primeiro atendimento e após a segunda, terceira e quarta consultas. Os dados foram analisados pelo software JAMOVI. Um total de 153 pacientes foram incluídos, 102 mulheres (66,7%), 51 homens (33,3%), a média de idade foi de 28 anos, os diagnósticos mais prevalentes: ansiedade (66%) e depressão (12,4%). A maioria chegou ao ambulatório já em uso de algum medicamento (60,1%) e não tinham comorbidades (75,8%). Brancos (49%) eram maioria, assim como os solteiros (74,2%), desempregados (20,2%), os que tinham renda de até um salário (62%) e possuíam ensino superior incompleto (40,5%). Quanto aos hábitos de vida, a maioria referiu não beber (88,3%), fumar (66%) e nem fazer exercícios físicos (66%), além disso viviam em João Pessoa (53,6%). A resposta ao tratamento da depressão e ansiedade foi avaliada por meio das escalas de avaliação PHQ-9 e BAI, respectivamente. Para a depressão foi observada redução, significativa estatisticamente, nas pontuações a partir da segunda aplicação, que saiu de 17 (13, 22) para 10 (7, 16) e para a ansiedade essa redução foi de 31 (20, 39) para 17 (7, 28), a média de consultas realizadas foi de 5,0 por paciente. Acerca das intervenções farmacêuticas predominou as que foram relacionadas a dose ou duração do tratamento e as relacionadas a educação em saúde que era padrão nos atendimentos. Em relação ao perfil de uso dos medicamentos, verificou-se que a principal classe de medicamento utilizada foi a dos Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS), em conformidade com os estudos que os colocam como primeira opção de tratamento para depressão e ansiedade. Outrossim, houve redução significativa do uso de benzodiazepínicos durante o processo de cuidado. Desta forma, a partir da análise da resposta ao tratamento é possível inferir que a aplicação do Cuidado interprofissional, forneceu uma melhora do quadro clínico dos pacientes. Abstract: Mental disorders are considered syndromes that alter the brain and psychic function of the individual. The pharmacist can contribute to health improvement as well as assist in the best use of their medicines, and can be part of care team. Studies show that interprofessional work promotes improvement in the patient's clinical outcomes and improves the quality of service. In this context, the present work aims to evaluate the clinical impact of interprofessional care in patients diagnosed with anxiety and depression treated in a pharmaceutical care outpatient clinic. A longitudinal, exploratory and quantitative study was conducted at the Pharmaceutical Care Outpatient Clinic, a University Pharmacy, at the Federal University of Paraíba (UFPB), in the city of João Pessoa-PB. The patients were evaluated by pharmaceutical and teleinterconsultal teleconsultation. Patients admitted from August 2019 to July 2022 were included, who had 3 consultations and diagnosed depression and anxiety. The data collected were: main diagnoses, sociodemographic, lifestyle habits, pharmaceutical interventions and scales in validated scales for screening and monitoring of depression and anxiety, Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) and Beck Anxiety Inventory (BAI), respectively. Were removed from the medical records and electronic forms. The scores were collected in the first service and after the second, third and fourth consultations. The data were analyzed by Jamovi software. A total of 153 patients were included, 102 women (66.7%), 51 men (33.3%), the average age was 28 years, the most prevalent diagnoses: anxiety (66%) and depression (12, 4%). Most arrived at the outpatient clinic already using some medicine (60.1%) and had no comorbidities (75.8%). Whites (49%) were majority, as were single (74.2%), unemployed (20.2%), those who had income up to one salary (62%) and had incomplete higher education (40.5%) . As for living habits, most said not to drink (88.3%), smoke (66%) or exercise (66%), and lived in João Pessoa (53.6%). The response to the treatment of depression and anxiety was evaluated through the PHQ-9 and BAI assessment scales, respectively. For depression, there was a statistically significant reduction in the scores from the second application, which went from 17 (13, 22) to 10 (7, 16) and for anxiety this reduction was 31 (20, 39) to 17 (7, 28), the average consultations performed was 5.0 per patient. About pharmaceutical interventions predominated those related to the dose or duration of treatment and those related to health education that was standard in care. Regarding the drug use profile, it was found that the main class of drug used was that of selective serotonin reuptake inhibitors (SSRs), in accordance with studies that place them as the first treatment option for depression and anxiety. Moreover, there was a significant reduction in the use of benzodiazepic during the care process. Thus, from the analysis of the response to treatment it is possible to infer that the application of interprofessional care, provided an improvement in the clinical picture of patients.
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