Prescrição de antibióticos na pandemia de COVID-19 e resistência bacteriana : uma revisão

Abstract

Resumo : A resistência bacteriana é um problema de saúde que vem crescendo significativamente por todo o mundo, principalmente após o início da pandemia de COVID-19, em que antibióticos foram utilizados descontroladamente para tratar infecções hospitalares adquiridas por paciente internados, bem como tratar a própria COVID-19 causada pelo vírus Sars-CoV-2, mesmo sem embasamento científico. A azitromicina começou a ser utilizada por conta da sua atividade antiviral e imunomoduladora, além do seu bom perfil de segurança, entretanto ainda não é comprovada como uma terapia eficaz contra a COVID-19. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) já mostram o aumento do número de cepas bacterianas resistentes presentes em amostras coletadas de isolados de bactérias. Em 2020 já se apresentavam 3,7 mil amostras e este número triplicou durante a pandemia. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi revisar o uso de antibióticos durante a pandemia da COVID-19, especialmente a azitromicina por ter sido a mais utilizada nesse período, bem como o desenvolvimento das resistências bacterianas frente a essa intensa antibioticoterapia, que está contribuindo para o aumento do número de bactérias resistentes em todo o mundo. Com essa revisão, foi possível constatar que cada vez mais é necessário o uso consciente de antibióticos, já que atualmente a pesquisa e o desenvolvimento de novos antibióticos não é o foco da indústria farmacêutica devido ao baixo retorno financeiro. Desta forma, o uso descontrolado de antibióticos resultará, em um futuro próximo, na ineficácia de ação desses medicamentos perante a resistência bacteriana adquirida. Por isso, o trabalho dos profissionais da saúde é de fundamental importância, não apenas na prescrição racional de antibióticos para o tratamento de pacientes, mas na divulgação do conhecimento sobre o emprego da antibioticoterapia.

Abstract : The bacterial resistance is a health problem that is growing significantly all around the world, mostly after the beginning of the COVID-19 pandemic, where antibiotics were used disorderly, not only on hospital infections acquired by hospitalized patients, but also to treat the SARS-CoV-2, even though there is no scientific basis to use this medication on the treatment of this disease. Azithromycin started to be used on the treatment of COVID-19 because of it's antiviral and immunomodulatory activity, besides it's security profile. However, this medication still is not approved to be used as an effective therapy against SARS-CoV-2. Thereby, the data from government agencies like WHO and ANVISA already show the increase of resistant bacterial strains on collected samples of bacteria isolates, in 2020 there were 3,7 thousand samples and this number tripled in the pandemic. Thus, the o objective of this work was to carry out a review on the use of antibiotics during the COVID-19 pandemic, especially azithromycin because it was the most used in this period, as well as the development of bacterial resistance, that happened with the increased use of antibiotics, and is contributing on the increase of resistant bacterias all over the world. With this review it is possible to realize the need for a conscious use of antibiotics, given that nowadays the research and development of new antibiotics is not the focus of industries like in the past, because it does not give significant financial feedback. So, if the uncontrolled use of antibiotics continues, there is going to be a moment where there will be bacterias resistants to every antibiotic used today. That is why a healthcare professional is very important right now, not only to make an adequate prescription, but also to aware the population for it’s correct use.