Riqueza e abundância de abelhas sem ferrão (hymenoptera, apidae, meliponini) no parque nacional de Saint-Hilaire/Lange e seu entorno, mata atlântica do Paraná, Brasil

Abstract

Resumo: O presente estudo teve como objetivo investigar a fauna de abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apidae, Meliponini), no que diz respeito a riqueza e abundância no Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange e seu entorno, uma área de Mata Atlântica, litoral do Paraná, em diferentes fisionomias vegetais, nos diferentes estágios sucessionais. A Unidade de Conservação está inserida nos municípios de Matinhos, Guaratuba, Paranaguá e Morretes. A comunidade de abelhas sem ferrão foi amostrada no período de abril de 2016 a outubro de 2017, as abelhas foram coletadas com rede entomológica, por meio de amostragem sistemática das abelhas em plantas com floração, ninhos nas árvores e operárias coletando argila (barro) ou água nos riachos, realizadas uma vez por mês, por dois coletores. A procura pelas abelhas se deu em dias quentes, secos e sem ventos e com temperaturas maiores que 18ºC e com alta luminosidade, das 09:00hs às 16:00hs no outono-inverno e 09:00hs às 17:00hs no horário de primavera-verão. Dentro da área amostral foram delimitados 12 pontos amostrais onde foram percorridos transectos que variavam de 1 a 10 km. Foram coletadas no total 13 espécies da tribo Meliponini, pertencentes a 9 gêneros. O gênero Melipona mostrou-se o mais rico em espécies, três no total, porém o gênero apresentou um baixo número de indivíduos por espécie. Devido as espécies desse gênero serem extremamente sensíveis as alterações do meio, são abelhas utilizadas como indicadores de diversidade biológica e qualidade ambiental. Enquanto que as duas espécies do gênero Trigona foram as mais abundantes no número total de indivíduos. As abelhas estiveram presentes nas coletas durante todo o ano, apresentando picos de abundância entre os meses mais quentes, com uma redução gradual de atividade no mês de junho, quando foi registrada as menores temperaturas, mas mesmo no mês de julho foi possível visualizar uma pequena atividade de abelhas. Dentre as espécies registradas, quatro espécies se encontram no livro da fauna ameaçada de extinção para o estado do Paraná, sendo: Melipona bicolor, Melipona mondury, Oxytrigona tataira e Scaptotrigona xanthotricha. Foi registrado também um ninho da espécie Lestrimelitta tropica Marchi e Melo (Hymenoptera, Apidae, Meliponini), representando o primeiro registro desta espécie para o estado do Paraná, ampliando sua distribuição conhecida. Asteraceae foi a família de planta em que se registrou mais indivíduos de abelhas em visitação e o gênero Baccharis foi o mais visitado. A família Melastomataceae, foi a segunda mais visitada. O alto número de visitas de abelhas nesta família botânica deve-se às espécies do gênero Tibouchina serem plantas abundantes na transecção e permaneceram floridas ao longo dos meses, inclusive nos meses mais frios. Os resultados obtidos foram comparados aos de outras localidades pertencentes ao domínio da floresta atlântica, no estado do Paraná. Analisando a similaridade, percebeu-se que as áreas continentais foram as mais similares em espécies de abelhas sem ferrão. Em comparação com as áreas continentais, o presente estudo e Antonina apresentaram baixa similaridade em relação as duas áreas agrupadas (Morretes e Alexandra) e tornaram-se mais próximas entre si.