Aplicação do Osa-Vet® e os testes lacrimais qualiquantitativos em cães braquicefálicos com e sem ceratoconjuntivite seca

Abstract

Resumo: A ceratoconjuntivite seca é uma das afecções mais comuns nas raças braquicefálicas. Vários testes são realizados nestes pacientes afim de avaliar a quantidade e qualidade do filme lacrimal. O presente trabalho teve como objetivo comparar a correlação dos resultados obtidos com o aparelho OSA-Vet® e os testes convencionais (Teste Lacrimal de Schirmer, I-Tear® test e tempo de ruptura do filme lacrimal) na avaliação de pacientes com e sem ceratoconjuntivite seca. Foram avaliados quarenta e cinco cães, de raças braquicefálicas, divididos em quatro grupos: G1: cães com TLS 15 a 25mm/min; G2: TLS 11 - 14mm/min; G3: TLS 6 - 10mm/min; G4: TLS 0-5mm/min. Todos os pacientes foram submetidos à avaliação oftalmológica nesta ordem, com intervalo de 10 minutos entre cada teste: avaliação com OSA-Vet® (mensuração do tempo de ruptura do filme lacrimal de forma não invasiva (TRFL-NI) e altura do menisco lacrimal (AML)), meniscometria (I-Tear® test), teste lacrimal de Schirmer 1 (TLS-1), avaliação oftálmica com lâmpada de fenda e teste de ruptura do filme lacrimal com fluoresceína (TRFL). A análise dos dados mostrou uma distribuição normal. Observou-se valores no G1, de TLS, I-Tear® test e AML (OSA-Vet®), 20,48±2,76, 7,64±3,00 e 0,51±0,17 respectivamente, considerados dentro do padrão de normalidade. No entanto, o TRFL e o TRFL-NI (OSA-Vet®) foram 4,44±5,05 e 3,88±4,24 respectivamente, abaixo dos valores de referência. Em relação aos grupos G2, G3 e G4, dos pacientes com graus de ceratoconjuntivite seca, observa-se o ITear ® test e o AML com valores mais próximos a normalidade em G2 e G3, porém em G4 valores muito abaixo da normalidade. Nos testes de TRFL e TRFL-NI (OSA-Vet®) em todos os grupos os valores foram inferiores ao de referência, tendo o desvio padrão maior que o valor obtido, exceto no G4 do TRFL-NI (OSA-Vet®) que o valor foi 0±0. A correlação dos testes convencionais em relação ao OSA-Vet® mostrou-se baixa, exceto entre TRFL-NI (OSA-Vet®) com TRFL no G3, com forte correlação (r=0,925). Na comparação entre TRFL-NI (OSA-Vet®) com TRFL no G2 a correlação foi moderada (r=0,547) assim como TLS-1 com I-Tear® test no G3 (r=0,416). Na comparação entre grupos nos testes TRFL e TRFL-NI (OSA-Vet®) houve diferença significativa de todos os grupos com CCS comparado ao G1 (sem CCS). Na comparação no I-Tear® test e AML (OSA-Vet®) houve diferença significativa entre os grupos G1 e G4, G1 e G3, G2 e G4; exceto no G1 e G2 que foi apenas no AML (OSAVet ®). Este estudo demonstrou que ainda não é possível substituir os testes convencionais pelo aparelho OSA-Vet®, e sim utilizá-lo como um adjuvante no diagnóstico de CCS, principalmente tratando-se de CCS qualitativa em cães braquicefálicos. Aponta-se que são necessários mais estudos utilizando esse aparelho e a necessidade de padronização de valores de referência dentre as raças.

Abstract: The keratoconjunctivitis sicca is one of the most common disorders in brachycephalic breeds. Several tests are performed in these patients to evaluate the quantity and quality of the tear film. The present study aimed to compare the correlation of the results obtained with the OSA-Vet® device and conventional tests (Schirmer's Lacrimal Test, I-Tear® test and tear break up time test) in the evaluation of patients with and without keratoconjunctivitis sicca. Forty-five brachycephalic dogs were evaluated, divided into four groups: G1: dogs with TLS 15 to 25 mm/min; G2: TLS 11 - 14 mm/min; G3: TLS 6 - 10 mm/min; G4: TLS 0-5 mm/min. All patients underwent ophthalmologic evaluation in this order, with a 10-minute interval between each test: evaluation with OSA-Vet® (measurement of tear film breakup time noninvasively (NIBUT) and tear meniscus height (TMH)), meniscometry (I-Tear® test), Schirmer's tear test 1 (TLS-1), ophthalmic evaluation with slit lamp, and tear break up time test with fluorescein (BUT). Data analysis showed a normal distribution. In G1, TLS, I-Tear® test and TMH (OSA-Vet®) values of 20.48±2.76, 7.64±3.00 and 0.51±0.17, respectively, were considered within the normal range. However, BUT and NIBUT (OSA-Vet®) were 4.44±5.05 and 3.88±4.24 respectively, below the reference values. Regarding the groups G2, G3 and G4, of patients with degrees of keratoconjunctivitis sicca, we observed the I-Tear® test and TMH with values closer to normality in G2 and G3, but in G4 values far below normality. In the BUT and NIBUT (OSA-Vet®) tests in all groups the values were lower than the reference value, and the standard deviation was higher than the obtained value, except in G4 of the NIBUT (OSA-Vet®) where the value was 0..0. The correlation of conventional tests in relation to OSA-Vet® was low, except between NIBUT (OSA-Vet®) with BUT in G3, with a strong correlation (r=0.925). When comparing NIBUT (OSA-Vet®) with BUT in G2, the correlation was moderate (r=0.547) as well as TLS-1 with I-Tear® test in G3 (r=0.416). In the comparison between groups in the BUT and NIBUT (OSA-Vet®) tests there was a significant difference in all groups with KCS compared to G1 (without KCS). In the comparison in I-Tear® test and TMH (OSA-Vet®) there was significant difference between groups G1 and G4, G1 and G3, G2 and G4; except in G1 and G2 that was only in TMH (OSAVet ®). This study showed that it is not yet possible to replace conventional tests by the OSA-Vet® device, but to use it as an adjuvant in the diagnosis of KCS, especially when it comes to qualitative KCS in brachycephalic dogs. It is pointed out that more studies using this device are needed and the need for standardization of reference values among the breeds.