Avaliação do componente cervicogênico entre pacientes com tontura atendidos no serviço de otorrinolaringologia do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná

Abstract

Resumo: Introdução: A tontura cervicogênica apresenta-se como fruto da relação causal entre cervicalgia e alterações perceptuais e de controle postural associadas. É caracterizada como sensação inespecífica de alteração do equilíbrio, geralmente por anormalidades nas aferências cervicais. Trata-se de entidade controversa, uma vez que até o presente momento não existe teste padrão-ouro para seu diagnóstico, sendo tratada como um diagnóstico de exclusão. Objetivos: O presente estudo tem como objetivo avaliar o componente cervicogênico da tontura em pacientes com queixas de desequilíbrio através de testes de realocação cervical e propriocepção, além de questionários de incapacidade relacionados a tontura e cervicalgia. Materiais e Métodos: Trata-se de estudo observacional, analítico e transversal. 33 pacientes em acompanhamento no ambulatório de tontura de um hospital terciário foram selecionados para participarem do estudo. Foram aplicados questionários com dados clínico-epidemiológicos, o Dizziness Handicap Inventory (DHI) e o Neck Disability Index (NDI). Além disso, os pacientes realizaram o Cervical Joint Position Error Test (CJPT). Foram avaliados, ainda, 21 pacientes controles de outros ambulatórios de otorrinolaringologia sem queixas de tontura ou cervicalgia nos últimos seis meses. Resultados: Pacientes com queixa de tontura e cervicalgia apresentaram pior desempenho no CJPT à esquerda, para cima e no CJPT médio, em comparação com o grupo controle (p-valor: 0,001 / 0,00076 / 0,007, respectivamente). Ao separar os pacientes com tontura em dois grupos, sendo um com sintomas cervicais e o outro sem sintomas cervicais, não houve diferença estatisticamente significativa no CJPT e nos escores do questionário DHI. Já ao separar os pacientes com tontura e cervicalgia em dois subgrupos, usando como referência o CJPT médio obtido entre os grupos controles (referência: 2,9), obtendo um subgrupo com CJPT médio melhor e outro com resultado pior que a referência, houve uma pontuação no DHI pior no subgrupo com desempenho pior no CJPT (64,38, DP:24,24 versus 34,20, DP:20), com p-valor: 0,01 (Mann-Whitney). Por fim, ao correlacionar os valores obtidos do questionário NDI com o DHI total e seus domínios nos pacientes com tontura e cervicalgia, não houve resultado estatisticamente significativo. Por outro lado, houve correlação entre o DHI e o CJPT médio nos pacientes com tontura e cervicalgia (coeficiente de correlação de Pearson de 0,38 com p=0,04). Conclusões: Pacientes com tont