Aplicação de curvas de permanência na análise da qualidade da água: estudo de caso na bacia do alto Iguaçu

Abstract

Uma maneira de avaliar a qualidade da água é através de curvas de permanência, que indicam a probabilidade de excedência de determinado parâmetro em relação a um valor referencial. Esta pesquisa analisa a qualidade ambiental do rio Iguaçu, na região da bacia do Alto Iguaçu, através de curvas de permanência de qualidade da água de cinco estações de monitoramento. Os parâmetros avaliados foram pH, condutividade elétrica, turbidez, sólidos totais (ST), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), oxigênio dissolvido (OD), fosfato total (PO4 ?3 ), nitrogênio total (NT) e coliformes fecais (CF). A partir das séries históricas desses parâmetros foram construídas curvas de permanência, boxplots e gráficos de evolução temporal, sendo a análise dos dados realizada com base na Resolução CONAMA Nº 357/2005. Dentre os parâmetros analisados, mostraram-se condizentes com a legislação pH, turbidez e ST, os dois últimos com probabilidades de excedência inferiores a 10% em todas as estações. Para condutividade elétrica, DBO, fosfato total, NT e CF os valores estão em desacordo com os limites legais na maior parte do tempo, sendo a situação mais insatisfatória verificada na estação localizada em Curitiba. No caso do OD, constatou-se probabilidades de excedência inferiores a 5% em todas as estações, exceto na região de cabeceira da bacia. A análise temporal em termos de carga mostrou que há déficit de OD e massas excedentes de DBO, fosfato total e NT nas cinco estações. Nas regiões densamente urbanizadas, as massas excedentes médias são de 4,6×106 kg DBO, 1,9×10 5 kg PO4 ?3 e 2,9×106 kg NT em relação ao enquadramento. Em áreas rurais e agrícolas esses valores são menores, de aproximadamente 2,1×106 kg DBO, 1,1×105 kg PO4 ?3 e 2,4×106 kg NT. A análise espacial indicou que a qualidade da água mais deteriorada ocorre nas áreas industriais e urbanas, sendo melhorada à medida que o rio Iguaçu se dirige para Balsa Nova, refletindo a capacidade de autodepuração do corpo hídrico e a menor incidência de despejos sanitários e industriais. Por fim, conclui-se que, apesar de curvas de permanência de qualidade da água apresentarem restrições, são ferramentas que podem eficientemente auxiliar o gerenciamento de recursos hídricos.