Impactos antrópicos na composição florística de restinga em praias do Espírito Santo - ES
Resumo
Resumo : O termo restinga define-se por ser uma vegetação residente em áreas costeiras de proximidades a outros habitats marinhos e terrestres, com características de resistência a alta concentração de sal e estabelecimento num substrato arenoso. A vegetação de restinga não-inundável é encontrada em cordões litorâneos e representa uma das fitofisionomias típicas de restinga. Neste trabalho objetivou-se estudar a distribuição das espécies, desta comunidade, em cinco praias do Espírito Santo, a fim de realizar uma comparação com um trabalho desenvolvido em 1991, que buscava conhecer a diversidade e distribuição de espécies da vegetação de restinga não-inundável em dez praias do litoral do Espírito Santo. Este trabalho tem o intuito de se verificar se houve interferência antrópica, ou não, na composição florística e estrutura dessa comunidade após 30 anos. O local de estudo envolveu praias mais próximas a Grande Vitória, como as praias de Ponta da Fruta e Carapebus, e outras mais afastadas como Praia das Neves, Itaoca e Pontal do Ipiranga. Montou-se mapas com o histórico de uso do solo para destacar áreas com alto nível de urbanização das outras áreas menos urbanizadas. Para análise da composição florística, utilizou-se o método de Quadrantes, onde distando da praia em direção ao continente, instalou-se uma linha de até 50m, onde foram lançados quadrats de 1m², intercalados a cada 1m e alternadamente. As espécies coletadas foram identificadas e catalogadas no herbário da UFES, e dados sobre distribuição e diversidades das espécies, como a cobertura de espécie por quadrat e a riqueza de cada praia, foram calculadas in situ. Posteriormente, foi realizado uma análise de agrupamento (UPGMA) para fins de comparação com os dados de 1991. A amostragem total, dentro das cinco praias analisadas, apresentou 43 espécies e 24 famílias. A praia com maior quantidade de espécies foi a de Itaoca, e, portanto, a que apresenta a maior riqueza, ocorrendo espécies exóticas. É uma praia frequentada pelos veranistas, com o rio Itapemirim e uma rodovia que cruza a vegetação de restinga. O rio contribui com matéria orgânica para a praia adjacente, e nas margens da rodovia contém argila, que além disponibilizar mais minerais, retém mais água, ocasionando num maior número de espécies. As vegetações de restinga mais conservadas foram encontradas em Praia das Neves e Pontal do Ipiranga, áreas de proteção ambiental. O trabalho evidenciou a diminuição da riqueza em praias pertencentes à Grande Vitória, como Carapebus, área portuária, e Ponta da Fruta. Nos locais de alta urbanização, o efeito de redução no número de espécies foi evidente, com grandes alterações em relação a 30 anos atrás. Quanto ao estado conservativo em áreas mais afastadas, não se observaram diferenças significativas. Em termos ecológicos, o trabalho tem sua importância na conservação de espécies nativas e das mais sensíveis que ocorrem em menor proporção do que outras mais presentes independente do estado conservativo da praia. É necessário mais trabalhos sobre distribuição de espécies na costa do Espírito Santo e avanços na legislação, bem como na gestão costeira para garantir a preservação adequada de cada ambiente.
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- Oceanografia [357]