Associação entre reserva ovariana e qualidade oocitária em mulheres jovens submetidas à estimulação ovariana controlada
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Data
2018Autor
Niehues, Viviane Margareth Scantamburlo
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Resumo: O prognóstico reprodutivo é classicamente apresentado de acordo com a idade da mulher, sendo descrito que com o avançar do tempo ocorreria piora na quantidade e qualidade dos oócitos. Entretanto, a baixa resposta ao estímulo ovariano, uma medida de reserva ovariana baixa, pode estar presente em até 24% das mulheres com menos de 35 anos e não é consenso que nesta situação a qualidade oocitária estaria preservada. Este trabalho teve o intuito de analisar os métodos de avaliação de reserva ovariana em mulheres inférteis jovens submetidas à estimulação ovariana controlada (EOC), bem como a dose total de gonadotrofinas utilizadas no estímulo ovariano, e a existência de associação com qualidade oocitária. Em estudo retrospectivo, pacientes inférteis com até 35 anos submetidas à EOC foram classificadas quanto a apresentar reserva ovariana normal ou baixa de acordo com hormônio folículo estimulante (FSH) basal (mIU/mL), hormônio anti-mulleriano (AMH) (ng/mL) e contagem de folículos antrais (CFA) (n). Seus oócitos foram classificados de acordo com maturidade e alteração de morfologia (presença ou não de alterações na forma, zona pelúcida, citoplasma e espaço perivitelínico). Foram analisados dados de 49 pacientes resultando num total de 348 oócitos. Neste estudo, 81,6% das pacientes apresentaram FSH basal normal (<10 mIU/mL), apresentando maior no número de oócitos maduros comparado às com FSH elevado: 6 e 2, respectivamente (p<0,001). Em relação ao AMH, 38,8% delas tinham reserva ovariana baixa (<1,2 ng/mL). Este grupo apresentou menor quantidade de oócitos maduros, maior FSH basal e idade (p<0,001). Cada acréscimo de unidade no FSH basal sérico representou um aumento de 42% de chance de apresentar oócito com citoplasma anormal (p= 0,006) enquanto que aquelas com AMH baixo, apresentaram um risco 5,3 vezes maior de ter oócito com esta alteração (OR 5,3; IC 1,7-16,7; p=0,004) e três vezes maior de ter anormalidade no espaço perivitelínico (OR 3,0; IC 0,8-4,9; p= 0,018). Quando a CFA foi menor que 10 observou-se maior quantidade de oócitos com forma anormal (OR 2,9; IC 1,1-7,6; p= 0,035). Não houve diferença significativa entre os grupos na dose total utilizada de FSH/HMG durante o estímulo ovariano assim como aumento de risco de alteração da morfologia oocitária considerando esta variável. Desta forma, neste estudo, mulheres jovens com reserva ovariana baixa apresentaram mais oócitos com morfologia alterada comparado àquelas com reserva normal. A reserva ovariana baixa pelo AMH esteve associada a pior qualidade oocitária em mulheres jovens submetidas à EOC. Abstract: The reproductive prognosis is classically presented according to the woman's age, being described that with the advancement of the time would occur worsening in the quantity and quality of the oocytes. However, the low response to ovarian stimulation, a low ovarian reserve measure, may be present in up to 24% of women under 35 years of age and it is not a consensus that in this situation oocyte quality would be preserved.The objective of this study was to analyze methods of ovarian reserve evaluation in young infertile women submitted to controlled ovarian stimulation (COS), as well as the total dose of gonadotrophins used in ovarian stimulation, and the existence of association with oocyte quality. In a retrospective study, infertile patients up to 35 years of age submitted to COS were classified as having normal or low ovarian reserve according to basal follicle stimulating hormone (FSH), anti-mullerian hormone (AMH) (ng/mL) and antral follicle count (AFC) (n). Their oocytes were classified according to maturity and morphology alteration (presence or not of alterations in the form, zona pellucida, cytoplasm and perivitelline space). Data were analyzed from 49 patients resulting in a total of 348 oocytes. In this study, 81.6% of the patients presented normal basal FSH (<10 mIU/mL), presenting a higher number of mature oocytes compared to those with high FSH: 6 and 2, respectively (p< 0.001). Regarding AMH, 38.8% had low ovarian reserve (<1.2 ng/mL). This group had lower number of mature oocytes, higher basal FSH and age (p < 0.001). Each increase in serum basal FSH represented a 42% increase in the chance of presenting oocyte with abnormal cytoplasm (p= 0.006) while those with low AMH had a 5.3-fold increased risk of having oocyte with this alteration (OR 5.3, CI 1.7-16.7, p= 0.004), and 3-fold greater alterations in perivitelline space (OR 3.0, CI 0.8-4.9, p= 0.018). When the AFC was less than 10, an abnormal number of oocytes was observed (OR 2.9, CI 1-7.6, p= 0.035). There was no significant difference between groups in the total FSH/HMG dose during ovarian stimulation as well as increased risk of altered oocyte morphology considering this variable. Thus, in this study, young women with low ovarian reserve had more oocytes with altered morphology compared to those with normal reserve. The low ovarian reserve for AMH was associated with poor oocyte quality in young women submitted to COS.
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