Saúde da criança : cobertura vacinal, hesitação vacinal e a pandemia de Covid-19 no litoral do Paraná
Resumo
Resumo: A vacinação é a principal política pública do setor saúde para a prevenção de doenças e para a redução da morbimortalidade de crianças de 0 a 5 anos, através da vacinação foi possível erradicar e controlar doenças em todo o mundo. Desde a década de 90 a Cobertura Vacinal (CV) de crianças abaixo de um ano de idade esteve acima de 95%, indicando alta adesão da população brasileira à vacinação e o desempenho positivo do Programa Nacional de Imunização (PNI). Desde 2016 vem ocorrendo queda na CV no Brasil, dentre os diversos fatores que explicam tal queda está o surgimento da hesitação vacinal, que pode ser explicado como o atraso em aceitar a vacina ou até mesmo a recusa da vacinação. A pandemia de COVID-19 também pode ter impactado a CV, tornando ainda mais importante a necessidade de compreender tais fatores e suas influências, para que ações eficientes e eficazes sejam tomadas pelos serviços de saúde do Litoral do Paraná. Assim, o objetivo geral desse estudo foi analisar as questões relacionadas à cobertura vacinal de crianças de 0 a 10 anos, à hesitação vacinal que ocorreu antes e durante a pandemia de COVID-19, no litoral do estado do Paraná. Trata-se de uma pesquisa quantitativa transversal, realizada em duas etapas: a primeira pela análise da cobertura vacinal a partir de fonte de dados secundários no período de 2015 a 2021 e a segunda análise da hesitação vacinal a partir de aplicação de questionário online aprovado pelo Comitê de Ética, em pais/responsáveis de crianças de 0 a 10 anos, residentes nas cidades do litoral do Paraná, os dados do questionário foram analisados por estatística descritiva e após realizada a associação/correlação por qui-quadrado dos determinantes cor/raça, escolaridade e renda com as 10 afirmativas do questionário relacionadas à hesitação vacinal. Os determinantes e afirmativas, escolaridade e afirmativas 3 (importância da criança vacinada para a comunidade), 5 (risco de novas vacinas), 6 (confiança nas informações recebidas por fontes oficiais, 8 (seguir as recomendações dos profissionais de saúde em relação a vacina), 10 (acreditar que a criança não precisa de vacinas para doenças controladas), com associação/correlação em torno de 95% de confiança (0,05) foram analisados. Observa-se queda na CV em todo o litoral do Paraná destacando que desde 2016 a 1ª Regional de Saúde Paranaguá não atinge 80% de CV, assim como os 7 municípios que compõe a regional, a pandemia de COVID-19 teve grande influência na CV em todo o litoral, nos anos de 2020 e 2021 a CV não atingiu 80% de cobertura na maioria dos municípios do litoral. A hesitação vacinal pode ser observada, de maneira sutil, através da confiança dos respondentes do questionário em relação aos riscos de novas vacinas, confiança nas informações recebidas de fontes oficiais e nas orientações de profissionais de saúde, crença que a vacinação não é necessária para doenças já controladas e a importância da vacinação na comunidade, principalmente para a baixa escolaridade sendo pouco observada em maiores níveis de ensino. Conclui-se que é de extrema importância que as campanhas de vacinação sejam disseminadas com informações verídicas e que a hesitação vacinal seja monitorada e para que doenças já erradicadas não se tornem endêmicas e surjam novos surtos.