Cozinhando em/o comum : entre disputas pelo espaço público e a produção diferencial do espaço
Abstract
Resumo: A atual situação pandêmica, ao ecoar um fenômeno global, reforça as desigualdades já existentes no espaço. Esse caminho aparentemente contraditório entre o global e o local, o geral e o específico, dá forma ao trabalho que aqui se pretende. Ao assumir tal perspectiva, colocar atenção no corpo é essencial, mas não apenas no corpo biológico, orgânico, sensório-perceptivo, mas também no corpo social. É no encontro, ou no agenciamento de corpos que a criação de novas espacialidades é possível. Nesse sentido, é importante questionar dentro da discussão atual sobre os espaços públicos que tipos de agenciamentos são facilitados e/ou coibidos nesses lugares. Em contraposição à lógica da troca que define a experiência urbana hegemônica, irrompe-se a necessidade de pensarmos espaços outros, espaços diferenciais, onde não apenas valores de uso são exercidos, mas sobretudo, onde modos de vida comunitários possam ser mobilizados. Como forma de evidenciar tais processos, nos debruçamos sobre a prática espacial de cozinhas comunitárias durante a pandemia de covid 19 em Curitiba, entendendo a importância da auto-organização como forma de mitigação dos efeitos da pandemia e também as potencialidades de tais práticas comunitárias para a instauração de comuns urbanos dentro dos espaços públicos. Assumiu-se como caminho científico a pesquisa exploratória, a partir do método transdutivo apresentado por Henri Lefebvre, bem como a ritmanálise, unindo a análise do cotidiano através dos ritmos com técnicas mais consolidadas dentro dos estudos qualitativos em Geografia, como a observação participante e a aplicação de entrevistas abertas, realizadas tanto com voluntários e organizadores das cozinhas, como com as pessoas que recebem os alimentos. Com isso, foi possível reconhecer a existência de diferentes conexões em rede levadas à cabo pelas cozinhas, em seus distintos espaços de atuação, aqui divididos como: produção, preparo e distribuição de alimentos, destacando suas diferentes potências em relação à produção de espaços diferenciais e à expansão do comum. Abstract: The current pandemic situation echoes a global phenomenon and reinforces existing inequalities in space. This apparently contradictory path between the global and the local, the general and the specific, shapes the work that is intended here. In assuming such a perspective, paying attention to the body is essential, but not only to the biological, organic, sensory-perceptive body but also to the social body. The creation of new spatialities is possible in the encounter, in the assemblage of bodies. Therefore, it is important to question within the current discussion about public spaces what types of assemblages are facilitated and/or restrained in these places. In opposition to the logic of exchange that defines the hegemonic urban experience, arises the need in thinking about other spaces, differential spaces, where not only use values are exercised, but above all, where ways of life in common can be mobilized. As a way of highlighting such processes, we focused on the understanding of some community kitchen’s spatial practices during the covid 19 pandemic in Curitiba, bringing to light the importance of self-organization in building pandemic effects mitigation tools and also the potential of such common practices in the establishment of urban commons within public spaces. Exploratory research was assumed as a scientific path, based on the transductive method presented by Henri Lefebvre, as well as rhythmanalysis, joining the analysis of everyday life through rhythms with more consolidated techniques in geographical qualitative studies, such as participant observation and application of open interviews, which were carried out both with volunteers and kitchen organizers, as well as with the people who receive the food. With this, it was possible to recognize the existence of different network connections carried out by the kitchens, in their different spaces of action, here divided as production, preparation, and distribution of food, highlighting their different powers in relation to the production of differential spaces and to the expansion of the common.
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