Administração de nutrição enteral e complicações gastrointestinais em pacientes críticos COVID-19 em posição prona
Resumo
Resumo: Introdução: A posição prona, utilizada no tratamento dos pacientes críticos infectados com SARS-CoV-2, pode ser uma barreira para o fornecimento das necessidades nutricionais, sendo que ainda não dispomos de protocolos do manejo da Terapia Nutricional Enteral durante o procedimento. O objetivo do estudo foi analisar a efetividade e complicações da Terapia Nutricional Enteral em posição prona, assim como desfechos clínicos. Metodologia: Estudo de coorte prospectivo com pacientes em Terapia Nutricional Enteral e com coronavirus disease 2019 (COVID-19), em ventilação mecânica, que necessitaram ou não da posição prona. Intolerâncias gastrointestinais relacionadas à posição prona foram avaliadas e correlacionadas com possíveis fatores de confusão. O efeito das medicações sob estas intercorrências também foi analisado. Além disso, estudou-se o volume infundido das fórmulas enterais, dias em ventilação mecânica, tempo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), de internação hospitalar, pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) e mortalidade. As informações foram coletadas do prontuário físico e eletrônico do paciente, além das fichas de avaliação e acompanhamento nutricional. Os dados foram avaliados diariamente comparando a posição prona e supina. Também foi realizada a comparação entre o grupo prona (GP) e grupo supina (GS). Resultados: Foram incluídos 121 pacientes, sendo 52 do GP e 69 do GS. No total foram avaliados 1990 dias de internamento. Manifestações de intolerâncias gastrointestinais como vômitos, regurgitação e estase estiveram presentes em 32 pacientes (26,44%). O GP apresentou 30,2% de intolerâncias gastrointestinais, e o GS, 23,2%, sem diferença entre ambos (p=0,805). A posição prona foi associada às intolerâncias gastrointestinais (p=0,000). Foi observada associação entre epinefrina (p=0,003), vasopressina (p=0,018) e intolerâncias gastrointestinais. Não houve diferença entre o volume total de nutrição enteral infundido entre os grupos. No entanto, a média de nutrição enteral infundida para os dias em que o paciente estava em posição prona foi (70,0% ± 31,5) e para os dias em posição supina foi (74,8% ±27,3), p=0,006. O GP apresentou tempo maior na ventilação mecânica (p=0,005) e UTI (p=0,003) e posição prona associou-se à PAV (p= <0,001). O volume total de nutrição enteral infundido não mostrou associação com PAV (p=0,09). Conclusão: A posição prona foi um fator determinante das intolerâncias gastrointestinais e mostrou-se fator de risco para PAV, porém o protocolo de Terapia Nutricional Enteral parece ter garantido uma oferta adequada de nutrição enteral em posição prona e ser uma alternativa segura. Abstract: Background: The prone position used in the treatment ofcritically ill patients infected with SARS-CoV-2, may be a barrier to the provision of nutritional needs, and we still do not have protocols for the management of Enteral Nutrition Therapy during the procedure. This study aimed to analyze the effectiveness and complications of Enteral Nutrition Therapy in the prone position, as well as clinicai outcomes. Methods: Prospective cohort study with patients in Enteral Nutrition Therapy and coronavirus disease 2019 (COVID-19), on mechanical ventilation, which whom needed or not prone position. Gastrointestinal intolerances related to prone position were evaluated and correlated with possible confounding factors. The effect of medications on these complications was also analyzed. Furthermore, it was studied the infused volume of enteral formulas, days on mechanical ventilation, Intensive Care Unit (ICU) length of stay, hospital length of stay, ventilator-associated pneumonia (VAP) and mortality. Information was collected from the patient’s physical and electronic medicai records, in addition to nutritional assessment and monitoring forms. The data were evaluated daily comparing prone and supine positions. A comparison was also made between the prone group (PG) and supine group (SG). Results: 121 patients were included, 52 from the PG and 69 from the SG. In total, 1990 days of hospitalization were evaluated. Manifestations of gastrointestinal intolerances such as vomiting, regurgitation and stasis were present in 32 patients (26.44%). The PG presented 30.2% of gastrointestinal intolerances, and the SG, 23.2%, with no difference among groups (p=0,805). The prone position was associated with gastrointestinal intolerance (p=0,000). Association between epinephrine (p=0,003), vasopressin (p=0,018), and gastrointestinal intolerances was observed. There was no difference between the total volume of enteral nutrition infused in the groups. However, the mean of enteral nutrition infused for the days when the patient was on prone position was (70.0% ± 31.5) and for the days in supine position was (74.8% ± 27.3), p=0,006. The PG had a longer time on mechanical ventilation (p=0,005) and ICU (p=0,003), and prone position was associated with VAP (p=<0,001). The total volume ofenteral nutrition infused was not associated with VAP (p=0,09). Conclusion: Prone position was a determining factor in gastrointestinal intolerances and proved to be a risk factor for VAP, but the Enteral Nutrition Therapy protocol seems to have ensured an adequate enteral nutrition supply in prone position and be a safe alternative.
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