Respostas anatômicas e fisiológicas de Typha domingensis Pers. (Typhaceae) e Neocabreria serrulata (DC.) R. M. King & H. Rob (Asteraceae) em solo contaminado com petróleo

Abstract

Resumo: O petróleo é a matéria-prima mais utilizada no mundo, utilizado na fabricação de diversos produtos, com crescente exploração e demanda. Durante seu processo de extração, refino e transporte, podem ocorrer acidentes desencadeando a chegada de petróleo no ambiente, causando diversos impactos ambientais. Dentre os acidentes ocorridos, um grande derramamento ocorreu na Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em 2000, no município de Araucária, PR, Brasil, causando irreversíveis danos ao meio ambiente. Após 20 anos do ocorrido, o óleo ainda, persiste em uma área de Formação Pioneira Flúvio-Lacustre, muito afetada pelo petróleo. Alguns estudos foram realizados na área, entretanto são desconhecidos os efeitos que o petróleo causou a nível fisiológico e anatômico na vegetação. Dessa forma, o objetivo da presente pesquisa foi avaliar os efeitos causados pelo petróleo na anatomia e fisiologia de duas das espécies mais abundantes na área: Typha domingensis e Neocabreria serrulata. Para as análises anatômicas foram coletadas amostras de folhas e raízes na área contaminada e em uma área controle, que não foi afetada pelo derramamento de petróleo. A partir dessas amostras foram confeccionadas lâminas permanentes, sendo analisados aspectos qualitativos e mensurados todos os tecidos vegetais presentes. Para as análises fisiológicas foi utilizado o analisador a gás LC-PRO com o objetivo de medir a taxa de fotossíntese, a condutância estomática e a taxa de transpiração. Ainda, foram coletadas amostras de folhas frescas para medir os teores de clorofila total, a e b. Para a análise dos dados foi realizado os testes de Shapiro Wilk e ANOVA. O petróleo não afetou a densidade estomática e a anatomia foliar de ambas as plantas, mas foram observadas respostas anatômicas nas raízes, como o maior número de células na exoderme, aumento da região do córtex e do aerênquima, como resposta ao estresse hídrico e o oxidativo, respectivamente. Na fisiologia, não foram observadas modificações, mostrando que o petróleo não afetou as plantas nesse parâmetro. Os poucos efeitos observados e a permanência dessas plantas na área contaminada, são indicativos que as espécies estudadas são candidatas a fitorremediação e podem estar promovendo a recuperação ambiental, possibilitando a degradação do contaminante ao longo dos anos.

Abstract: Petroleum is the most used raw material in the world, used in the manufacture of various products, with increasing exploration and demand During its extraction, refining and transportation process, accidents may occur, triggering the arrival of oil in the environment, causing several environmental impacts. Among the accidents that occurred, a large spill occurred at the Presidente Getúlio Vargas Refinery, in 2000, in the municipality of Araucária, PR, causing irreversible damage to the environment. Twenty years after the occurrence, the oil still persists in an area of floodplain vegetation, which was heavily affected by the petroleum. Some studies have been carried out in the area, although the effects that the oil caused on the physiological and anatomical level on this vegetation are unknown. Thus, the aim of this research was to identify the effects caused by oil on the anatomy and physiology of two the most abundant species in the area: Typha domingensis and Neocabreria serrulata. For the anatomical analysis, the leaves and roots were collected in the petroleum-contaminated area and in a control area, which was not affected by the oil spill. From this samples, permanent slides were made, qualitative dissipators and measured all plant tissues present. For physiological analysis, a LC-PRO gas analyzer was used in order to evaluate the photosynthesis rate, stomatal conductance and transpiration rate. Still, they were collected from fresh leaves to measure the total chlorophyll contents, a and b. The data analysis werw performed using Shapiro Wilk and ANOVA tests. The petroleum did not affect the stomatal density and leaf anatomy of both plants. However, anatomical responses were observed in the roots, such as a greater number of cells in the exoderm, increase in the cortex and aerenchyma region, as a response to water stress and the oxidative, respectively. In physiology, no changes were observed, showing that oil did not affect the plants in this parameter. The few effects observed and the permanence of these plants in the contaminated area, indicate that the species are candidates for phytoremediation and can be promoting environmental recovery, enabling the degradation of the contaminant over the years.