Diagnóstico sócio-economico e caracterização dos parques ostreícolas das populações tradicionais do complexo estuarino de Paranaguá, Paraná, Brasil : subsídios para o gerenciamento da atividade
Resumo
O cultivo da ostra Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) é realizado como forma de incremento no rendimento econômico de pescadores artesanais do Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP), entretanto, o estado atual dessa atividade é praticamente desconhecido. Visando detectar entraves para o desenvolvimento sustentável da atividade foram caracterizados aspectos técnico-produtivos e sócio-econômicos da ostreicultura em 13 comunidades de pescadores desse complexo estuarino. Além disso, foi elaborado um banco de dados georreferenciado com os parques ostreicolas e suas características. O trabalho foi realizado através de visitas aos parques ostreicolas, durante as quais foram feitas entrevistas com os produtores, georreferenciados os parques, observadas e fotografadas as estruturas de cultivo. Nas comunidades visitadas existem pelo menos 80 empreendimentos de ostreicultura em funcionamento, sendo que aproximadamente 17% das familias que residem nesses locais estão envolvidas com a atividade. As ostras são cultivadas diretamente na lama, sobre mesas rentes ao fundo ou viveiros suspensos em linhas de flutuadores. Essas técnicas foram verificadas, respectivamente, em 6, 8 e 5 comunidades. As 8 comunidades onde foi possivel estimar a produção produzem, juntas, entre 35350 e 37350 dúzias de ostras anualmente. Escoar a produção é a principal dificuldade encontrada pelos produtores, sendo que limitações para a efetivação de contatos comerciais, para o transporte da produção e o alto grau de intermediação comprometem seriamente os resultados econômicos dos seus empreendimentos. O relativo isolamento geográfico das comunidades, suas precárias condições sócio-econômicas e de infra-estrutura, e a dúvida quanto à inocuidade do produto representam obstáculos para iniciativas no sentido de promover a demanda pelas ostras cultivadas. A assistência técnica é restrita a menos da metade dos produtores e, em geral, a busca de maior produtividade é realizada pelos próprios. Tal fato, somado à falta de pesquisas direcionadas à atividade, ao fato de que o suprimento de sementes para os cultivos é sustentado pela extração dos juvenis em ambiente natural, e às condições de livre acesso aos recursos naturais necessários, reforçam o risco da atividade de gerar degradação ambiental. Os resultados obtidos por essa pesquisa revelam a necessidade de uma política integrada, bem como de maior sincronia e articulação entre os atores envolvidos com a atividade, na busca de mudanças estruturais que conduzam a prática de uma ostreicultura realmente sustentável e adaptada às especificidades locais.
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- Oceanografia [354]