dc.description.abstract | As bactérias heterotróficas presentes nas partículas marinhas, tais como os agregados, são responsáveis por uma importante via de reciclagem de nutrientes e materiais orgânicos e inorgânicos. Dentro de um estuário, a Zona de Máxima Turbidez (ZMT) tem um impacto pronunciado na estrutura e no funcionamento da comunidade microbiana. Foi objetivo da pesquisa observar a estrutura da comunidade microbiana de vida livre e aderida a particulas, através da análise quantitativa das bactérias heterotróficas totais, biomassa bacteriana, coliformes totais e Escherichia coli na ZMT da Baia de Paranaguá, e compará-la com parâmetros fisico-químicos. A quantidade de microrganismos foi avaliada em dois ciclos de maré (sizigia e quadratura) e duas estações do ano (verão e inverno), com coletas de água superficial e de fundo efetuadas a cada duas horas, em um total de doze horas por periodo de coleta. Foram avaliadas as variáveis fisico-químicas da água, e a contabilização de bactérias foi compartimentalizada em 'bactérias de vida livre e 'bactérias aderidas' ao material particulado em suspensão (MPS). Para obter os valores bacterianos de vida livre, subtrairam-se dos valores totais de bactérias (água + MPS) os obtidos no MPS. Todos os parámetros fisico-químicos foram obtidos no Laboratório de Biogeoquimica do Centro de Estudos do Mar. A quantificação de bactérias heterotróficas totais e biomassa bacteriana foi realizada através de microscopia de epifluorescência. A quantificação de coliformes totais e Escherichia coli foi efetuada segundo a técnica de substratos cromogênicos especificos. Os resultados mostraram que a quantidade máxima de bactérias heterotróficas totais (2.546,73.10 cel mL) e de biomassa bacteriana (49,81 pgC.L) foi de vida livre, registrada em águas superficiais durante a vazante de quadratura do inverno. O minimo (36,27. 10" cel.mL) de heterotróficas totais também foi de vida livre, em maré de quadratura, porém em águas de fundo na enchente de verão. O minimo de biomassa bacteriana (0,44 pgC.L) ocorreu no MPS de superficie, durante a vazante de quadratura no inverno. O máximo (12.094,89 NMP 100mL) de coliformes totais foi registrado em águas superficials no início de enchente de sizigia no verão. Seu mínimo (1,11 NMP 100mL) ocorreu durante o mesmo período, porém aderido a particulas. Os valores de E. coli foram consistentemente mais elevados livres na água que aderidos ao MPS, O valor máximo de E. coli (3.244 NMP.100mL) ocorreu na água de fundo, durante a baixa-mar de sizigia, no inverno, com bactérias de vida livre. Os resultados mostram dominância de bactérias (heterotróficas totais, coliformes totais e E. coli) de vida livre, provável e hipoteticamente devido à alta disponibilidade de alimento dissolvido, baixo conteúdo nutricional dos agregados, relações tróficas e/ou adsorção de componentes tóxicos aos agregados. Os ciclos sazonais influiram na composição na microbiota local, pois regulam fenômenos como descarga de nutrientes, magnitude das fontes e hidrodinamismo. As bactérias de vida livre e aderidas ao MPS parecem constituir populações diferenciadas, já que são governadas de modo diferenciado (em alguns casos inversamente) pela oscilação nos niveis de determinadas variáveis ambientais. A comunidade microbiana parece estar estruturada através de uma relação intima com os padrões de oscilação de nutrientes, mais notadamente do fósforo orgânico total e do nitrato. As variáveis microbiológicas da área estudada parecem sofrer uma grande influência das partes internas no Complexo Estuarino de Paranaguá, principalmente com o aporte de matéria orgânica oriunda das mesmas, e de modo mais acentuado durante períodos de marés intensificadas (sizigia).
Palavras-chave: Bactérias. Zona de Máxima Turbidez. Estuários. Baia de Paranaguá. | pt_BR |