Avaliação de três espécies de Mysidacea (Crustacea) do litoral paranaense com potencial uso na produção de alimento vivo aplicados a aquicultura
Resumo
Os misidáceos são pequenos crustáceos visualmente semelhantes aos camarões. A excelente qualidade nutricional e elevada mobilidade os qualificam como alimento adequado para muitas espécies de grande valor para aquicultura. O presente traba tho tem como objetivo principal, avaliar o potencial de Bowmaniella brasiliensis, My sidopsis coelhoi e Metamysidopsis elongata atlantica encontradas na costa parana ense, para a produção de alimento vivo. Os misidáceos foram amostrados, através de uma rede de epibentos, nos balneários Atami e Pontal do Sul, no município de Pontal do Paraná, PR, Brasil. As taxas de crescimento, sobrevivência e produção, foram avaliadas; três garrafões plásticos foram utilizados como réplicas. A tempera tura foi mantida a 26 °C e tanto a temperatura quanto a salinidade foram observados diariamente. O pH e o oxigênio dissolvido foram medidos antes de cada troca de água, as quais foram realizadas a cada três dias (uma parcial e outra total). A dieta constituiu-se de náuplios de Artemia recém-eclodidos, fornecida em densidades de 100 náuplios misidáceo" dia. Para avaliação do crescimento, 15 ou 10 indivíduos eram retirados aleatoriamente de cada réplica a cada 5 dias e fixados em formol pa ra posterior biometria. Para a avaliação da sobrevivência e produção, a cada 6 dias, as réplicas eram esvaziadas e os individuos contados. Para avaliação da produção natural foram separadas fêmeas ovigeras, mantidas sob as mesmas condições dos demais experimentos, em copos plásticos com 200 mL de água até liberarem a pro le. A salinidade variou entre 31 e 33; o pH variou em torno de 8,5 e a saturação de oxigênio em tomo de 117%. M. coelhol apresentou a melhor taxa média final de so brevivência (72%), seguida por B. brasiliensis (27%) e M. e. atlantica (15%). As mé dias de juvenis produzidos por fêmea do ambiente natural foram: B. brasiliensis (33). M. coelhoi (14) e M. e. atlantica (10). A produção em experimento só foi observada para M. e. atlantica e M. coelhoi, esta produziu quantidade viável de descendentes para o inicio de novo experimento com os juvenis. Em relação ao crescimento B. brasiliensis apresentou maior aumento em tamanho (5,14 mm) e em peso seco (1,34 mg), M. coelhoi crescimento intermediário (1,74 mm e 0,62 mg), M. e. atlantica não apresentou crescimento significativo. A dieta não enriquecida empregada no presen te estudo pode ter sido responsável pelas baixas taxas de sobrevivência e produção, bem como possível canibalismo. A temperatura também parece ter sido a causa das baixas taxas de sobrevivência. O comportamento das espécies pode também ter contribuido para as taxas de sobrevivência, crescimento e produção encontradas. O presente estudo apresenta pela primeira vez importantes informações sobre vários aspectos do ciclo de vida de B. brasiliensis e M. coelhoi. Conclui-se que M. coelhoi foi a espécie mais robusta durante a sua manutenção em laboratório, destacando-se das demais. Assim, o desenvolvimento de pacotes tecnológicos para aprimorar as taxas de sobrevivência, crescimento in vitro desta espécie, poderão contribuir ex pressivamente para sua produção como alimento vivo para a aquicultura.
Palavras-chave: Misidáceos; Bowmaniella brasiliensis: Mysidopsis coelhoi, Me tamysidopsis elongata atlantica; experimento; alimento vivo.
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- Oceanografia [355]