Efeitos em longo prazo do tratamento crônico com metilfenidato ou fluoxetina em ratos SHR e Wistar
Abstract
Resumo: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) atinge aproximadamente 5% de crianças e adolescentes em idade escolar. Seus principais sintomas são hiperatividade, desatenção e impulsividade. Estimulantes, principalmente o metilfenidato (MPH), são o tratamento padrão ouro para o transtorno. No Brasil, apenas antidepressivos, como a fluoxetina (FLX), são disponibilizados a pronta entrega nos serviços públicos de saúde para o tratamento do TDAH. Ambos os medicamentos modulam a neurotransmissão, e as crianças que os recebem ainda estão em fase de neurodesenvolvimento. As consequências em longo prazo que tratamento crônico para o TDAH pode causar ainda não estão claras. A maioria dos estudos que investigaram esse aspecto não utilizaram modelos animais validados para o TDAH. No presente estudo, as consequências em longo prazo do tratamento crônico com MPH ou FLX foram avaliados nos ratos espontaneamente hipertensos (SHR, do inglês), um modelo validado de TDAH, e comparado com ratos Wistar (WIS). Primeiramente, diferenças basais entre os SHR e os WIS foram determinadas. Ratos SHR tiveram prejuízos de habituação no teste de campo aberto e apresentaram menor comportamento tipo-ansioso no teste de labirinto em cruz elevado quando comparado com ratos WIS. Com relação ao tratamento crônico, ratos SHR e WIS foram tratados tanto com MPH (2 mg/kg, por gavagem), FLX (5 mg/kg, por gavagem) ou salina durante os DPN 28-55. Após um período de washout, os animais passaram pelos testes comportamentais. Tanto o tratamento com MPH quanto com FLX não provocaram efeitos em longo prazo no comportamento emocional, medido nos testes de labirinto em cruz elevado e natação forçada, na cognição, avaliada no teste de reconhecimento de objetos e na locomoção, medida no teste de campo aberto, em ambas as linhagens. Entretanto, após o tratamento tanto com MPH quanto com FLX, não foram observadas diferenças comportamentais entre SHR e WIS nos testes realizados. Dado essas condições, o tratamento crônico e precoce com MPH e FLX parece não levar a prejuízos no comportamento emocional e na cognição na vida adulta após a descontinuação do tratamento. Abstract: Attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) affects nearly 5% of school-age children and adolescents. It is characterized by hyperactivity, inattention, and impulsivity. Stimulants, mainly methylphenidate (MPH), are the gold-standard treatment for the disorders. In Brazil, only antidepressants, such as fluoxetine (FLX), are prompt delivery in public health services for treating ADHD. Both drugs modulate neurotransmission, and the children receiving them are still under neurodevelopment. The long-term consequences the chronic treatment of ADHD may cause are still unclear. Most studies addressing this question did not use validated animal models of ADHD. In the present study, the long-term consequences of juvenile chronic treatment with either MPH or FLX were evaluated in both spontaneously hypertensive rats (SHR), a validated model of ADHD, and Wistar rats (WIS), a normal strain. First, we determined baseline differences between SHR and WIS. SHR had impaired habituation in the open field test and presented a decreased anxiety-like behavior in the elevated plus maze compared to WIS. Regarding chronic treatment, SHR and WIS rats were treated with MPH (2 mg/kg, by oral gavage), FLX (5 mg/kg, by oral gavage) or saline during PND 28-55. After a washout period, animals went through behavioral tests. Neither treatment with MPH nor FLX provoked any long-term effect in emotional behavior, measured in the elevated plus maze and forced swim test, cognition, evaluated in the object recognition test, and locomotion, measured in the open field test, in both strains. However, differences in behavior between SHR and WIS were not observed after treatment with both drugs tested. Given these results, juvenile chronic treatment with either MPH or FLX did not lead to impairments on emotional behavior and cognition in adulthood after a washout period.
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