Aspectos imunológicos, morfológicos e endócrinos da toxicidade testicular do arsenito de sódio em ratos
Resumo
Resumo: O sistema reprodutor masculino é responsável pela produção da testosterona e dos espermatozoides, por meio da esteroidogênese e espermatogênese, respectivamente. Estes processos podem ser perturbados pela exposição aos desreguladores endócrinos. Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, um desregulador endócrino é "um agente exógeno que interfere na produção, liberação, transporte, metabolismo, ligação, ação ou eliminação de hormônios naturais do corpo responsáveis pela manutenção da homeostase, reprodução, desenvolvimento e/ou comportamento". Dentro desta classe de agentes químicos, encontra-se o arsênio (As). O As é um metaloide com ampla distribuição global, o qual estimase que, só pela água, mais de 200 milhões de pessoas estejam expostas a concentrações superiores ao limiar estipulado pela OMS (10 Mig.L-1). Uma das consequências da exposição ao As é a desregulação da função reprodutiva em machos, embora os mecanismos não estejam totalmente elucidados. Em um estudo anterior, foi sugerido que os macrófagos testiculares possam desempenhar algum papel na desregulação endócrina causada pelo As, visto que citocinas pró-inflamatórias podem inibir a síntese de andrógenos. Portanto, o objetivo desta dissertação foi avaliar os efeitos da exposição crônica ao arsenito de sódio sobre as funções esteroidogênicas e gametogênicas em ratos Wistar e examinar a possível participação da ativação de macrófagos e da resposta inflamatória nesses processos. Por meio de técnicas de ELISA, RT-QPCR e histologia, constatou-se que o As na dose de 5 mg.kg-1.dia-1, durante 60 dias, induziu alterações na espermatogênese. A co-exposição com LPS promoveu a diminuição da síntese de testosterona e inibiu o aumento da expressão de Cd68, um marcador de macrófagos pró-inflamatórios, o que pode tornar o testículo mais suscetível a infecções. Além disso, parece ter ocorrido o aumento da expressão das citocinas pró-inflamatórias Il1b e Tnf. Os nossos resultados sugerem que não houve a participação de macrófagos na toxicidade do As no testículo, embora estas células possam desempenhar algum papel importante na desregulação endócrina sob desafios imunológicos. Abstract: The male reproductive system is responsible for testosterone and sperm production by steroidogenesis and spermatogenesis, respectively, which can be disturbed by exposure to endocrine-disrupting chemicals. This class of chemical agents includes arsenic (As). One of the consequences due to As exposure is the deregulation of the male reproductive function, although the mechanisms are not fully understood. In a previous study, it was suggested that testicular macrophages could display a role in endocrine disruption by As exposure since proinflammatory cytokines can inhibit the androgen synthesis. Thus, this work aimed to evaluate the effects of chronic exposure to arsenic on steroidogenic and gametogenic function in Wistar rats and examine the possible participation of macrophage activation and inflammatory response in these processes. By ELISA, RT-QPCR and histology techniques, we have demonstrated that As on 5 mg.kg-1.day-1 dose during 60 days induced changes in spermatogenesis. LPS and As co-exposure promoted a decrease in testosterone synthesis and inhibited the increase of Cd68 expression, a marker for pro-inflammatory macrophages, which could turn the testis susceptible to infections. Besides, it seems to have occurred an increase of pro-inflammatory cytokines Il1b and Tnf expression. Our results suggest the non-involvement of macrophages in the As toxicity in the testis, although these cells could play an important role in endocrine disruption under immunological challenges.
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