Variabilidade da macrofauna bêntica em uma praia estuarina : comparação entre abordagem hierárquica e não hierárquica

Abstract

Delineamentos amostrais adequados possibilitam a identificação de reais padrões de distribuição e processos operantes no sistema, e têm o intuito de evitar equívocos, causados por variações em pequenas escalas, na interpretação das escalas maiores. O presente trabalho proporciona a aplicação de análise de séries temporais, comparáveis com métodos hierárquicos, e é um subsidio importante para a avaliação da precisão de estudos que tratam de escalas temporais menos refinadas. Tem como objetivo avaliar e comparar a eficiência de delineamentos amostrais hierárquicos e não-hierárquicos, através da análise da variabilidade na estrutura de associações bênticas e de variáveis abióticas em uma praia estuarina, em diferentes escalas espaço-temporais. O macrobentos da praia da Ponta do Poço foi analisado de novembro de 2010 a agosto de 2013 em dois locais (L1 e L2), distantes 100 metros entre si e próximos à área de instalação do futuro Porto de Pontal do Paraná. Neles, foi aplicada uma abordagem não-hierárquica e outra hierárquica para análise da resposta, na amostragem, da macrofauna bêntica e dos parâmetros da água, dos sedimentos e da atmosfera. A variabilidade na escala de Locais (espacial), Dias, Quinzenas, Meses, Períodos e Anos (temporais) foram analisadas estatisticamente através de análises de médias móveis, nMDSS, PCAS, PERMANOVAS e PERANOVAS. Contudo, somente Locais, Quinzenas e Períodos foram as escalas compreendidas em ambas metodologias, passíveis de comparação. O crustáceo Mysidopsis sp. foi o mais abundante na metodologia não-hierárquica, mas não na hierarquizada, porém ambas identificaram diferenças na resposta da fauna e das variáveis abióticas para Locais. Portanto, o delineamento hierárquico foi mais apropriado para indicar diferenças entre L1 e L2, visto que trouxe o mesmo resultado, com esforço amostral menor. Em contrapartida, não apresentou a diferença entre período seco e chuvoso, observada no delineamento não-hierárquico e corroborada pelas séries de dados pluviométricos da região, o que ocasiona um exemplo de erro tipo II. Com isso, é rejeitada a hipótese de que tal método foi mais eficaz para essa escala, em comparação com o método não-hierárquico.

Palavras-chave: variabilidade espaço-temporal; erro tipo I; erro tipo II; replicação de escalas.

Adequate sample designs make possible the identification of real patterns of distribution and operant system processes, also have the aim to avoid mistakes caused by small scale variations at the interpretation of bigger scales. The present work provides the aplication of time series analysis, comparable with hierarchical methods, and it's an important subsidie to assess the precision of studies that work with less refined time scales. The objective is to evaluate and compare the efficiency of hierarchical sample design versus non-hierarchical, through the analysis of the variability in the structure of benthic associations and abiothic variables on an estuarin beach, at different spatio-temporal scales. The macrobenthos of Ponta do Poço beach was analysed from November 2010 to August 2013 at two locations (L1 and L2), separated 100m from each other and next to the instalation area of the future Pontal do Paraná harbor. At both, a non hierarchical and a hierarchical approach were applied to analyse responses, of the sampling, of benthic macrofauna and water, substract and atmosphere parameters. The variability on the Local (spatial) scale, Days, Fortnights, Months, Periods and Years (temporal) were statistically analyzed through Moving Mean analysis, nMDS, PCAS, PERMANOVAS and PERANOVAS. However, only Locals, Fortnights and Periods were scales understood at both approaches, passible of comparisons. The crustacean Mysidopsis sp. was the most abundant at the non-hierarchical approach, but not at the hierarchical one, although both identified differences at the fauna and abiothics response to the Locals scale. Therefore, the hierarchical design was more appropriated to indicate differences between L1 and L2, seen that it brought the same result but with less sampling effort. Nevertheless, it didn't present the difference between rainy and dry periods, observed at the non-hierarchical design and corroborated through the regions' pluviometric data series, which causes the type Il error ocasion. With that said, it is rejected the hypothesis that such method was more effective to this scale, in comparison with the non-hierarchical approach.

Keywords: spatiotemporal variability; type I error; type Il error; replication of scales.