Efeito dos choques idiossincráticos das firmas dominantes na divulgação voluntária das demais empresas brasileiras de capital aberto
Resumo
Resumo: Há indícios de que grandes empresas geram valores, denominados de choques, que são capazes de se propagar para a economia como um todo e para outras empresas (Gabaix,2011; Jannati, 2020). Por outro lado, há a comunicação das empresas para com o mercado por meio da divulgação voluntária que pode ter fontes endógenas e exógenas em relação à natureza da firma. Assim, o objetivo principal do trabalho é analisar os efeitos dos choques idiossincráticos das empresas dominantes na divulgação voluntária das demais empresas brasileiras de capital aberto. Para a divulgação voluntária utilizou-se de busca no Formulário de Referência, Relatório da Administração e Notas explicativas das empresas brasileiras de capital aberto, logo, construiu-se um índice com um processo automático, por meio do software MaxQda, para busca e codificação de trechos e posteriormente fez-se análise individual semântica de mais de 169 mil trechos textuais, que contemplam um total de 5.752 documentos. A variável independente relacionada aos choques idiossincráticos das grandes empresas foi mensurada e testada sob duas formas, por meio da diferença anual entre receita bruta em função da variação do PIB e calculada a partir do termo de erro de um painel com efeitos aleatórios. Outras variáveis de controle foram inseridas no modelo como tamanho, rentabilidade, idade, alavancagem financeira, liquidez das ações, governança corporativa, ADR, crescimento do PIB, participação setorial no PIB, taxa de câmbio e inflação. A base de dados final contou com 1.996 observações sendo 1.802 relacionadas às empresas não dominantes e 194 inerentes às empresas classificadas como dominantes. Para análise quantitativa optou-se pelas regressões hierárquicas lineares (HLM) dado o aninhamento e disposição dos dados entre empresas e setores em um recorte longitudinal que compreende 2011 a 2020. Maiores níveis de divulgação voluntária foram notados nos setores agricultura, transporte e serviços, sendo que o setor de atacado apresenta a menor média para o IDV. Os resultados apontam relação inversa entre os choques idiossincráticos e a divulgação voluntária, ou seja, os choques das empresas dominantes podem agregar informação ao mercado e proporcionar um cenário favorável às demais empresas, deste modo, as organizações não dominantes não precisariam, ou necessitariam revelar toda a informação voluntária para atender seus stakeholders. Variáveis como tamanho, idade, governança corporativa, ADR, PIB setorial, taxa de câmbio e inflação também foram significantes estatisticamente. Os achados contribuem para que investidores, credores e demais usuários da informação contábil compreendam que as informações divulgadas voluntariamente advêm, em parte, de fontes externas e comprova o que fora levantado por Leuz e Verrecchia (2000) ao sugerir pesquisas baseadas em associação para explicação das fontes exógenas da divulgação voluntária. A análise completa tanto do cenário econômico nacional ou das empresas maiores se faz necessária para corroborar com o que é divulgado voluntariamente por empresas classificadas como não dominantes. Abstract: There are signs that large companies generate values, called shocks, which are capable of spreading to the economy as a whole and to other companies (Gabaix, 2011; Jannati, 2020). On the other hand, there is the communication of companies with the market through voluntary disclosure that may have endogenous and exogenous sources in relation to the nature of the firm. Thus, the main objective of the work is to analyze the effects of idiosyncratic shocks of dominant companies on the voluntary disclosure of other open capital Brazilian companies. In order to manage the voluntary disclosure, a search was used in the Reference Form, Management Report and Explanatory Notes of open capital Brazilian companies, therefore, an index was built with an automatic process, through the MaxQda software, for searching and coding excerpts and later an individual semantic analysis of more than 169 thousand textual excerpts was carried out, comprising a total of 5,752 documents. The independent variable related to idiosyncratic shocks of large companies was measured and tested in two ways, through the annual difference between gross revenue as a function of GDP variation and calculated from the error term of a panel with random effects. Other control variables were included in the model, such as size, profitability, age, financial leverage, stock liquidity, corporate governance, ADR, GDP growth, sector participation in GDP, exchange and inflation. The final database had 1,996 observations, with 1,802 related to non-dominant companies and 194 inherent to companies classified as dominant. For quantitative analysis, hierarchical linear modeling (HLM) was chosen, given the nesting and arrangement of data between companies and sectors in a longitudinal cut that comprises 2011 to 2020. Higher levels of voluntary disclosure were noted in the agriculture, transport and services sectors, with the wholesale sector having the lowest average for the IDV. The results show an inverse relationship between idiosyncratic shocks and voluntary disclosure, the dominant companies shocks can add information to the market and provide a favorable scenario for other companies, thus, nondominant organizations would not need, or would need to disclose all voluntary information to serve their stakeholders. Variables such as size, age, corporate governance, ADR, sectoral GDP, exchange rate and inflation were also statistically significant. The findings help investors, creditors and other users of accounting information understand that the information disclosed voluntarily comes, in part, from external sources and proves what was raised by Leuz and Verrecchia (2000) when suggesting research based on association to explain the exogenous sources of voluntary disclosure. A complete analysis of both the national economic scenario or larger companies is necessary to corroborate what is voluntarily disclosed by companies classified as non-dominant.
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