Processo grupal : a interação entre jovens em uma prática social no âmbito da saúde mental

Abstract

Resumo: O presente trabalho é uma reflexão sobre processo grupal, tendo como referência empírica uma prática social realizada com jovens no âmbito da saúde mental. Considerando a complexidade das inúmeras teorias de grupo, busquei trabalhar com a concepção de grupo apontada na Psicologia Social, que tem uma perspectiva dialética de grupo humano, conforme os estudos de Ignácio Martin-Baró e Silvia Lane. Para estes autores, o grupo é um processo que deve ser compreendido numa perspectiva de movimento, em permanente transformação, permeado por contradições que refletem a sociedade onde os participantes estão inseridos. O processo grupal é um espaço intersubjetivo, que permite a expressão de singularidades, ao mesmo tempo em que contribui para a constituição da subjetividade dos sujeitos. Por ser uma atividade que se insere no âmbito da saúde mental, reflito sobre esta prática no contexto das transformações que vêm sendo realizadas no campo da reforma psiquiátrica. Com relação aos aspectos metodológicos, utilizo a pesquisa qualitativa e, como instrumento de coleta de dados, a observação participante com registro em diário de campo. Os dados foram analisados e agrupados em categorias. Dividi a análise em três momentos que considerei os mais significativos para demonstrar o desenvolvimento do processo grupal. Os resultados da pesquisa apontaram para a importância de se refletir sobre as práticas sociais realizadas em distintos contextos sociais, buscando adequá-las à realidade da população. Observei também a necessidade de espaços de interação social abertos ao diálogo e à construção de vínculos afetivos importantes para o fortalecimento da identidade destes jovens. Na área da saúde mental a interação com outros segmentos sociais se faz necessária quando se objetiva trabalhar a informação, o preconceito e a exclusão social.

Abstract: The present work is a reflection on the group process, having as an empirical reference a social practice developed with youngsters in the framework of mental health. Considering the complexity of the numerous group theories, I looked for working with the group concept as pointed by Social Psychology, which has a dialectic perspective of the human group, in accordance with the studies of Ignacio Martin-Baró and Silvia Lane. To these authors, the group is a process that has to be understood under a movement perspective, in permanent transformation, permeated with contradictions that reflect the society where the participants are inserted. The group process is an inter-subjective space, which permits the expression of singularities, contributing at the same time to the constitution of the participants' subjectivity. Being an activity that is inserted in the context of mental health, I reflect on that practice in the perspective of the transformations that are being accomplished in the field of the psychiatric reformation. Concerning the methodological aspects, I make use of the qualitative research and, as instrument, the participative observation and register in a field diary. The data were analyzed and grouped in categories. I divided the analysis in three different moments, which I considered the most significant to demonstrate the development of the group process. The research results point to the importance of reflecting about the social practices that are carried out in different social contexts, attempting to fit them to the population's reality. I also observed the need of having social interaction spaces opened to dialog and to the construction of affective links that are important to strengthen those youngsters identity. In the mental health area, the interaction with other social segments is necessary when there is the aim of working upon the information, the preconceptions and the social exclusion.