O que o psicólogo compreende por psicologia fenomenológica
Resumo
Resumo: Os psicólogos brasileiros consideram a Fenomenologia a ciência dos estudos transcendentais, mas não a consideram base para todas as ciências. Ainda, relacionam diretamente a Psicologia Fenomenológica às abordagens humanistas e existenciais; bem como acreditam ser perfeitamente possível o desenvolvimento de uma psicoterapia fenomenológica. Tal abordagem teria como pressupostos o foco no aqui-agora e uma postura empática e antijudicativa. O fato é que a Fenomenologia e a Psicologia Fenomenológica, fundadas por Edmund Husserl (1859-1838) há mais de século, chegaram ao Brasil, e na Psicologia brasileira, algumas décadas depois, em textos de autores existencialistas e humanistas. A Fenomenologia é a ciência dos fenômenos, ou mais propriamente, das "manifestações". Sua base é diferente das ciências positivas, ou seja, nãofilosóficas, que não podem ser ciências últimas, absolutas. A Psicologia Fenomenológica é a ciência dos fenômenos da consciência, sendo esta, essencialmente, "consciência de". No sentido de uma ciência universal da vida psíquica, ela deveria se constituir como uma psicologia racional ou pura, radicalizada na atitude fenomenológica. Assim, a Psicologia Fenomenológica é essencialmente científica, sem a pretensão psicoterapêutica. Para investigar o que o psicólogo brasileiro compreende por Fenomenologia e por Psicologia Fenomenológica foi realizado esse estudo. Para tanto, procedeu-se uma pesquisa de caráter exploratório, composta por um questionário online, destinada a psicólogos e desenvolvida em três etapas, sendo a primeira sócio-demográfica e acadêmica; a segunda composta de sete questões em escala Likert de sete pontos sobre fundamentos da fenomenologia; e a terceira, com cinco questões, sendo uma fechada (sim/não) e quatro abertas, sobre a compreensão do psicólogo acerca da psicologia fenomenológica e a sua posição quanto à viabilidade de uma psicoterapia fenomenológica. Os dados da segunda etapa foram analisados descritivamente conforme o grau de concordância ou discordância com os textos de referência, quais sejam: O Artigo para Enciclopédia Britânica (1927), Conferências de Paris (1929) e A Ideia da Fenomenologia (1907), todos de Husserl, comparando as respostas dos psicólogos que se denominam fenomenólogos com os que não se denominam. Os dados da terceira etapa foram analisados por meio do método descritivo fenomenológico, buscando captar as unidades de sentido das repostas. O estudo em questão foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Setor da Saúde da UFPR. Palavras-chave: Fenomenologia. Psicologia Fenomenológica. Husserl. Abstract: Brazilian psychologists consider Phenomenology the science of transcendental studies, but do not consider it the basis for all sciences. Yet, they directly relate Phenomenological Psychology to humanistic and existential approaches; as well as believe that the development of a phenomenological psychotherapy is perfectly possible. Such an approach would have as presuppositions the focus on the here-now and an empathic and anti-judicial stance. The fact is that Phenomenology and Phenomenological Psychology, founded by Edmund Husserl (1859-1838) more than a century ago, arrived in Brazil, and in Brazilian Psychology, a few decades later, in texts by existentialists and humanists. Phenomenology is the science of phenomena, or more properly, of "manifestations." Its basis is different from the positive sciences, that is, non-philosophical, which can not be ultimate, absolute sciences. Phenomenological Psychology is the science of the phenomena of consciousness, which is essentially "consciousness of". In the sense of a universal science of psychic life, it should constitute itself as a rational or pure psychology, radicalized in the phenomenological attitude. Thus, Phenomenological Psychology is essentially scientific, without the psychotherapeutic pretension. To investigate what the Brazilian psychologist understands by Phenomenology and Phenomenological Psychology, this study was carried out. For that, an exploratory research was carried out, consisting of an online questionnaire, aimed at psychologists and developed in three stages, being the first sociodemographic and academic; The second composite of seven seven-point Likert scale questions on foundations of phenomenology; And the third, with five questions, one closed (yes / no) and four open, about the psychologist's understanding of phenomenological psychology and his position on the feasibility of phenomenological psychotherapy. The data for the second stage were analyzed descriptively according to the degree of agreement or disagreement with the reference texts, such as: The British Encyclopedia article (1927), Paris Conferences (1929) and The Idea of Phenomenology (1907), all Husserl, comparing the answers of psychologists who call themselves phenomenologists with those who do not call themselves. The data of the third stage were analyzed through the phenomenological descriptive method, seeking to capture the sense units of the answers. The study in question was approved by the Research Ethics Committee of the Health Sector of UFPR. Key-words: Phenomenology. Phenomenological Psychology. Husserl.
Collections
- Dissertações [261]