Investigação do papel da corticosterona na inoculação de estresse
Abstract
Resumo: O estresse é um fator de risco para o desenvolvimento de diversas psicopatologias. No entanto, há evidências demonstrando que a relação entre estresse e transtornos psiquiátricos pode ocorrer de forma não linear, de forma que tanto o excesso como a insuficiência de situações adversas aumentam o risco de doença, mas quantidades moderadas o diminuem. A exposição a estressores brandos que promovem resiliência é chamada de inoculação de estresse. Até o momento, não se sabe qual é o mecanismo pelo qual a inoculação confere resiliência, mas há um possível envolvimento dos glicocorticoides. Assim, o objetivo deste trabalho foi investigar o papel da corticosterona no efeito pró-resiliência da inoculação de estresse em camundongos. Foram testados três protocolos de inoculação de estresse. Cada um composto de onze sessões de 15 minutos realizadas a cada dois dias. O primeiro protocolo consistiu num estresse social brando em camundongos Swiss jovens. O segundo foi similar ao primeiro, mas realizado em camundongos C57BL/6 adultos. O terceiro consistiu num protocolo de restrição de movimento em C57BL/6. Após as onze sessões de inoculação, os camundongos foram avaliados no campo aberto, no labirinto em cruz levado, no nado forçado, no desamparo aprendido e tiveram a secreção de corticosterona após o nado forçado quantificada. Corticosterona sérica após a primeira e última sessões de inoculação também foi quantificada. Apesar de aumento significativo de corticosterona induzido pela inoculação, nenhum dos protocolos levou ao efeito esperado de resiliência. Não houve redução de comportamento tipo-ansioso no labirinto em cruz, aumento da estratégia ativa de manejo no nado forçado, redução da secreção de corticosterona após um estressor heterotípico, ou redução nas falhas de escape no desamparo aprendido. Apesar disso, foi observado um aumento de locomoção no campo aberto em camundongos C57BL/6 submetidos à inoculação. Para avaliar se essa hiperlocomoção é dependente de corticosterona, metirapona foi administrada antes de cada uma das sessões. No entanto, não foi observada aumento de locomoção em nenhum dos grupos, apesar da elevação de corticosterona no grupo inoculação-veículo. Os resultados sugerem que a corticosterona não é suficiente para levar à hiperlocomoção nem para gerar o efeito de resiliência da inoculação. Abstract: Stress is a risk factor for the development of several diseases, including many psychopathologies. However, there is evidence demonstrating that the relation between stress and psychiatric disorders may occur non-linearly, such that both the excess and insufficiency of adverse events increase the risk for disease, but moderate amounts diminish it. Exposure to mild stressors promoting resilience is known as stress inoculation. Up to date, the mechanism through which inoculation confers resilience is unknown, but there is evidence suggesting a possible role for glucocorticoids. Therefore, the objective of this work was to investigate the role of corticosterone on the resilience effect induced by stress inoculation in mice. Three stress inoculation protocols were tested. Each of them comprised eleven 15-minute sessions applied every two days. The first protocol consisted of a mild social stress in juvenile Swiss mice. The second was similar to the first, but performed in adult C57BL/6. The third consisted of a movement restraint protocol in C57BL/6. Following the eleven inoculation sessions, mice were evaluated in the open field, elevated plus maze, forced swim test, learned helplessness and had serum corticosterone dosed following swimming. Corticosterone was also quantified after the first and last inoculation sessions. Despite a significant rise in circulating corticosterone induced by stress inoculation, none of the protocols led to the expected resilience effect. There was not reduction in anxiety-like behavior in the elevated plus maze, shift to an active coping strategy in the forced swim test, reduction of corticosterone secretion following a heterotypic stressor, nor reduction in escape failures in the learned helplessness paradigm. An increase in open field locomotion was observed in C57BL/6 mice subjected to stress inoculation. In order to test if this hyperlocomotion is dependent on corticosterone, metyrapone was administered before each inoculation session. However, locomotion was not increased in any of the groups, despite increased corticosterone in the group inoculation-vehicle group. Results suggest that corticosterone is not sufficient for the hyperlocomotion effect, nor to generate resilience.
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