Facilitadores e barreiras para redução do consumo de carne no Brasil : uma análise com base no modelo COM-B

Abstract

Resumo: Pesquisas recentes têm sido consistentes em relacionar a produção e o consumo de carnes com a degradação ambiental, problemas de saúde e prejuízos ao bem-estar animal. No entanto, o consumo de carnes representa um comportamento bem estabelecido entre muitos consumidores. Afinal, a carne é um alimento central em muitas culturas e alterações de hábitos alimentares podem ser bastante desafiadoras. Ainda assim, existe um grupo de consumidores que vêm quebrando o padrão alimentar ao reduzir o consumo de carne em sua dieta. Compreender facilitadores e barreiras que influenciam esta mudança de comportamento em diferentes culturas e contextos pode ajudar na promoção de reduções coletivas futuras no consumo de carne. Com o objetivo de contribuir com o avanço do conhecimento em direção a dietas reduzidas em carne, este trabalho investiga quais são os principais facilitadores e barreiras para a redução do consumo de carne no Brasil. Para o alcance deste objetivo adotou-se uma abordagem de pesquisa qualitativa descritiva e foram realizadas entrevistas semiestruturadas com consumidores brasileiros que estavam reduzindo o consumo de carnes. Através de uma análise temática, 22 facilitadores e 15 barreiras foram identificados e classificados de acordo com o Modelo COM-B, uma estrutura teórica que sistematiza mudanças de comportamentos de acordo com capacidades, oportunidades e motivações. Os principais facilitadores descobertos foram: percepção de melhorias na saúde; alto preço da carne; influência ou apoio de pessoas próximas; preocupação com o bem-estar animal; preocupação com a saúde; consciência ambiental; aquisição de novos conhecimentos, habilidades e informações; sensação de flexibilidade na dieta; cozinhar ou comprar os próprios alimentos; e fornecimento de informações. Por sua vez, as principais barreiras encontradas foram: convívio social; cultura/tradição; sentimentos hedônicos em relação ao consumo de carne; e necessidade de adquirir novos conhecimentos, habilidades e informações. Através destas descobertas, este trabalho visa contribuir com a crescente literatura que trata da redução do consumo de carnes, bem como oferecer informações para diversas partes interessadas na promoção de dietas reduzidas em carne.

Abstract: Recent research has been consistent in linking meat production and consumption with environmental degradation, health problems and damage to animal welfare. However, meat consumption represents a well-established behavior among many consumers. After all, meat is a central food in many cultures and changing eating habits can be quite challenging. Even so, there is a group of consumers who have been breaking the dietary pattern by reducing the consumption of meat in their diet. Understanding the enablers and barriers that influence this behavior change in different cultures and contexts can help promote future collective reductions in meat consumption. Aiming to contribute to the advancement of knowledge towards reduced meat diets, this work investigates what are the main facilitators and barriers to reducing meat consumption in Brazil. To achieve this objective, a descriptive qualitative research approach was adopted and semi-structured interviews were carried out with Brazilian consumers who were reducing their meat consumption. Through a thematic analysis, 22 facilitators and 15 barriers were identified and classified according to the COM-B Model, a theoretical framework that systematizes changes in behavior according to capabilities, opportunities and motivations. The main facilitators discovered were: perception of improvements in health; high price of meat; influence or support from close people; concern for animal welfare; concern with health; environmental awareness; acquisition of new knowledge, skills and information; feeling of flexibility in the diet; cook or buy their own food; and providing information. In turn, the main barriers found were: social interaction; culture/tradition; hedonic feelings about meat consumption; and need to acquire new knowledge, skills and information. Through these discoveries, this work aims to contribute to the growing literature that deals with the reduction of meat consumption, as well as offering information to those interested in promoting reduced meat diets.