Disputa argumentativa ou politização das narrações? : conversações de mulheres sobre o aborto no Brasil
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Data
2021Autor
Hoshino, Camilla de Azevedo Pinheiro, 1989-
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Resumo: A atual possibilidade de uma mudança jurídica que descriminalize o aborto no Brasil, se realizado até a 12ª semana de gestação, tem impacto direto para um grupo de mulheres, entre as quais a incidência da prática - e a morte decorrente de condições inseguras - é mais elevada. Buscando uma aproximação com este perfil, a dissertação busca compreender o que pensam as mulheres negras ou pardas, solteiras, de baixa renda e, em sua maioria, mães e sem ensino superior, por meio da execução de três grupos focais. O corpus retirado desses processos - mediados por um roteiro de moderação que coloca em evidência argumentos utilizados na audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal sobre a ADPF 442, nos dias 3 e 6 de agosto de 2018 - é observado sob o viés teórico-metodológico da Análise de Conteúdo, a partir de um protocolo metodológico desenvolvido com base na teoria da deliberação e de sua perspectiva ampliada. Assumindo que as conversações são espaços importantes para a formação de opinião política, a pesquisa toma um ângulo de observação sobre como mulheres politizam a discussão voltada ao aborto quando em interação com outras mulheres e expostas a um leque de opiniões divergentes, sobretudo, com foco na presença do dissenso, nas dinâmicas de interação e nas narrações compartilhadas. O trabalho aponta para a contradição existente respostas oferecidas pelas mulheres a questionários de opinião e suas opiniões e percepções no interior do grupo focal, que refletem desafios e práticas cotidianas diante do acesso aos direitos reprodutivos. Abstract: Incidence and rates of unsafe abortion is higher among black women, single women, lowincome women and mostly mothers with no higher education. The dissertation aims to understand these women's opinions. Three focus groups are observed under the Content Analysis approach, with a methodological protocol developed based on the theory of deliberation and its expanded perspective. Assuming that conversations are essential to develop political opinion, the research observes how women politicize discussions about abortion when interacting with other women, when exposed to a range of divergent opinions, to dissent and to shared narratives. The research points to an existing contradiction in the responses offered by women to surveys and their perceptions within the focus group, which reflect daily challenges and practices regarding access to reproductive rights.
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