Caracterização da soroprevalência de descartes de bolsas de sangue por sífilis em um município do oeste do Paraná
Resumo
Resumo: Introdução: A sífilis é uma doença infectocontagiosa que, apesar diagnóstico e tratamento fácil, ainda representa um importante problema de saúde pública mundial devido ao aumento considerável de sua incidência nos últimos anos. Assim como em outros países, no Brasil foi demonstrado um aumento de casos de sífilis adquirida (31,8%), sífilis gestacional (28,5%) e sífilis congênita (16,4%) entre os anos de 2016 a 2018. Uma das formas de transmissão da sífilis é a transfusão sanguínea e a determinação e caracterização epidemiológica da prevalência desta doença entre doadores de sangue pode ser estimada por meio do número de bolsas de sangue descartadas por sorologia positiva para sífilis. Objetivo: Determinar a prevalência de descartes de bolsas de sangue por sorologia positiva para sífilis e caracterizar o perfil do doador em um hemocentro de um município do Oeste do Paraná (2010-2019), visando determinar seus principais preditores de risco epidemiológicos para sorologia positiva por sífilis. Método: Os dados coletados englobaram o número de doadores de sangue; número de bolsas de sangue descartadas por sorologia positiva para sífilis, variáveis sociodemográficas, tipo sanguíneo, tipo de doador e finalidade da doação. A análise dos resultados utilizou razão de prevalência (RP) com intervalo de confiança (IC) de 95%. Aprovação do comitê de ética em pesquisa sob número CAE: 22114519.0.0000.0102. Resultados: Registrou-se 113.613 doações de sangue (2010-2019) sendo que 5.484(4,83%) tiveram suas bolsas de sangue descartadas por sorologia positiva e, destas, 1.261(22,99%) foram reagentes para sífilis com uma média de prevalência geral de bolsas de sangue descartadas por sorologia positiva para sífilis de 1,11% no período estudado. O descarte teve significância nas doadoras (RP=1,16; IC=1,04-1,30), com mais de 29 anos (RP=2,28; IC=1,86-2,57), ensino fundamental (RP=2,29; IC=1,86- 2,57), de etnia não branca (RP=1,61; IC=1,41-1,83), e divorciado/separado/viúvo. O preditor de risco elevado também está presente em doadores de primeira vez (RP=10,52; IC=7,59-14,59) e de reposição (RP=1,14; IC=1,02-1,28). Conclusão: A prevalência de sífilis no período estudado aumentou e apresentou-se como a segunda maior taxa de inaptidão sorológica, quando comparada com as outras sorologias. O perfil do doador inapto por sífilis deste hemocentro foi constituído por sexo feminino, idade superior a 29 anos, ensino fundamental completo ou incompleto, etnia/cor da pele não branca, divorciado/separado/viúvo, doadores de sangue de primeira vez e de reposição.Com isso, o conhecimento das particularidades desta região, podem contribuir para a implantação de medidas de vigilância e educativas assertivas que visem reduzir os números de sorologias positivas entre os doadores de sangue e consequentemente a diminuição do descarte de bolsas de sangue por sífilis.
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- Medicina (Toledo) [68]