Experiência de estudantes e preceptores do internato de medicina no atendimento à pessoa com comportamento suicida
Abstract
Resumo: A relação médico-paciente nasce imersa na cultura e carrega construções que refletem valores de ambos os envolvidos com impacto direto no cuidado oferecido - a medicina é um evento interpessoal e essa habilidade de relacionar-se com o paciente é uma importante competência do médico. A clínica centrada na pessoa tem um dos pilares na empatia: acolher e responder a partir das demandas do paciente abrindo também o caminho para mais envolvimento afetivo e juízos. No contexto do atendimento à pessoa com comportamento suicida - um grave problema de saúde pública nos tempos atuais - questões da relação médicopaciente podem estar potencializadas. O ensino do tema nas escolas médicas pertence principalmente à psiquiatria e exclui outros saberes como a sociologia, a psicologia, medicina de família - o que parece determinar a compreensão do tema e o modelo de cuidado. Trata-se de um estudo exploratório qualitativo que entrevistou estudantes e preceptores do internato no último ano de medicina em UPAs de Curitiba-PR. Os resultados apontaram questões de ordem afetiva, fragilidades estruturais, de juízos, de manejo, que impactam no cuidado oferecido. Um lugar secundário é dado ao papel da escuta e, mesmo percebendo a alta demanda, poucos profissionais identificam a importância da urgência/emergência na linha de cuidado do comportamento suicida. As justificativas para a rapidez do atendimento, para não ouvir, para não garantir privacidade ou autonomia foram principalmente questões estruturais, lacunas de formação, modelos de relação aprendidos e reproduzidos, a falta de espaço de discussão das emoções envolvidas nesses atendimentos e de conceitos como acolhimento, integralidade, medicina centrada na pessoa e cuidado compartilhado. A articulação da rede praticamente não incluiu a Atenção Básica. O ambiente de formação, em uma perspectiva positiva, pode ser ponto importante para a quebra desse ciclo. Palavras-chave: Comportamento suicida, Autoagressão, Estudantes de medicina, Preceptoria. Abstract: The doctor-patient relationship is born immersed in the culture, made by constructions that reflect values of both involved in and that directly impacts the care offered - medicine is an interpersonal event and this ability to relate to the patient is an important physician's competence. The clinic centered on the person, which has pillars in empathy: embracing and responding by patient's demands, but it also open the way for moral judgments and affective involvement. In the context of caring people with suicidal behavior - a serious public health problem nowadays - issues of the doctor-patient relationship may be enhanced. Teaching this subject in medical schools belongs mainly to psychiatry and excludes other knowledge such as sociology, psychology, family medicine - which seems to determine the understanding and the model of care. This is a qualitative exploratory study that interviewed students and tutors from the last year of medicine in Curitiba-PR. The results point for the following questions: affective, structural weaknesses, judgments, etc. that impact the care offered. A secondary role is given to listening and, despite realizing the high demand, few professionals identify the importance of emergency department in the of care for suicidal behavior. Many ways appears to justify a 'fast assistance', for not listening, not guaranteeing privacy or autonomy such as: structural issues, training gaps, learned and reproduced relationship models; in the lack of space to discuss these emoticons and basic concepts such as user embracement, comprehensiveness, person-centered medicine and integrality in health. The articulation of health network, practically did not include Primary Care. The medical student training environment, in a positive perspective, can be an important point for breaking this cycle. Keywords: Suicidal behavior, Self-harm, Medical students, Preceptorship.
Collections
- Dissertações [27]