Avaliação da funcionalidade muscular e autonômica e aspectos da qualidade de vida em crianças com disfunção do trato urinário inferior (DTUI)
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Data
2020Autor
Herrera, Luciana Katiucia de Andrade
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Resumo: A Disfunção do Trato Urinário Inferior (DTUI) representa um espectro de alterações funcionais envolvendo a bexiga e/ou esfíncter externo. Os sintomas variam de acordo com o tipo de DTUI, mas em todos os casos acarreta algum grau de estresse na criança e familiares e consequente comprometimento da autoestima e da qualidade de vida. Sabe-se que o Sistema Nervoso Autônomo (SNA) tem papel fundamental na fisiologia normal da micção porém o real papel na fisiopatologia das DTUI ainda permanece obscuro bem como a sua influência sobre o gênero. O objetivo do presente trabalho foi de descrever as alterações fisiológicas de crianças com DTUI e associar com questionários de qualidade de vida para discutir as suas possíveis relações causais. Além disso, propomos uma compararação da Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) entre os gêneros. A população em estudo incluiu 51 meninas e 43 meninos com DTUI, com idade média de 7,3 anos para as meninas e 7,7 anos para os meninos. Os pacientes foram classificados, de acordo com o tipo de DTUI, em 3 grupos: G1 (BH) Bexiga Hiperativa n= 40; G2 (DM) Disfunção Miccional n=19 e G3 (BH + DM) Bexiga Hiperativa com Disfunção Miccional n= 35. Além da anamnese foram aplicados os questionários, traduzidos e adaptados, para avaliação dos sintomas o DVSS (Dysfunction Voiding Symptoms Score) e para qualidade de vida o PedsQLTM (Pediatric Quality of Life Inventory). Para análise da qualidade da micção foi realizada a urofluxometria (UF) com eletromiografia (EMG) perineal e abdominal, além da avaliação de resíduo pós miccional. A VFC foi medida em repouso. Os resultados do presente trabalho foram divididos em dois artigos. Na avaliação da qualidade de vida houve diferença significativa no aspecto social (resposta dos pais) sendo a menor nota no G2 (DM). Ainda, nessa avalição, ficou demonstrada uma pior qualidade de vida quanto maior o DVSS. Quando avaliados os itens entre si, a menor nota, tanto na versão pais quanto na versão aplicada às crianças, foi no aspecto emocional, independente do grupo. Em relação aos achados da VFC ficou demonstrada uma associação entre alteração na qualidade de vida e parâmetros de VFC. Também ficou demonstrada uma diferença na VFC entre meninos e meninas dentro do mesmo grupo, demonstrando um aumento da atividade autonômica tanto simpática quanto parassimpática em meninos no G2 (DM) e em meninas no G3 (BH + DM). Ainda, observou-se um aumento da atividade autonômica em meninas do G3 (BH + DM) quando comparada com as meninas do G1 (BH) e do G2 (DM). Esses dados não estão relacionados à sintomatologia apresentada já que não foram encontradas diferenças entre os gêneros e grupos no questionário DVSS. As crianças avaliadas apresentaram alterações fisiológicas importantes, incluindo a VFC, que foram associados com baixos scores no questionário de qualidade de vida, principalmente nos aspectos socio-emocionais. E por fim, pudemos concluir que existe uma diferença na resposta autonômica de meninas e meninos com DTUI, não relacionadas à sintomatologia apresentada, demonstrada por altos índices de VFC em meninos com DM e altos índices de VFC em meninas com BH + DM. Palavras-chaves: DTUI, criança, qualidade de vida e VFC. Abstract: Lower Urinary Tract Dysfunction (LUTD) represents a spectrum of functional changes involving the bladder and/or external sphincter. The symptoms vary according to the type of LUTD, but in all cases it causes some degree of stress in the child and family members and consequent compromise of self-esteem and quality of life. It is known that the Autonomous Nervous System (ANS) plays a fundamental role in the normal physiology of voiding, but the real role in the pathophysiology of LUTD still remains unclear as well as its influence on gender. The aim of the present study was to describe the physiological alterations of children with LUTD and associate them with quality of life questionnaires to discuss their possible causal relationships. In addition, we propose a comparison of Heart Rate Variability (HRV) between genders. The study population included 51 girls and 43 boys with LUTD, with an average age of 7.3 years for girls and 7.7 years for boys. The patients were classified according to the type of LUTD into 3 groups: G1 (OAB) Overactive Bladder n= 40; G2 (DV) Dysfunctional Voiding n=19 and G3 (OAB + DV) Overactive Bladder with Dysfunctional Voiding n= 35. In addition to the anamnesis, the questionnaires, translated and adapted, the DVSS (Dysfunction Voiding Symptoms Score) and the PedsQLTM (Pediatric Quality of Life Inventory) were applied for the evaluation of symptoms. For urination quality analysis, uroflowmetry (UF) with perineal and abdominal electromyography (EMG) was performed, besides the evaluation of post-void residual urine. The HRV was measured at rest. The results of this study were divided in two articles. In the quality of life evaluation there was a significant difference in the social aspect (parents' response) being the lowest grade in G2 (DV). Also, in this evaluation, it was demonstrated a worse quality of life the higher the DVSS. When the items were evaluated among themselves, the lowest score, both in the parent's version and in the version applied to the children, was in the emotional aspect, independent of the group. Regarding HRV findings, an association between altered quality of life and HRV parameters was demonstrated. A difference in HRV between boys and girls within the same group was also demonstrated, showing an increase in both sympathetic and parasympathetic autonomic activity in boys in G2 (DV) and in girls in G3 (OAB + DV). Also, there was an increase in autonomic activity in girls in the G3 (OAB + DV) when compared to girls in G1 (OAB) and G2 (DV). These data are not related to the symptoms presented since no differences were found between genders and groups in the DVSS questionnaire. The children evaluated presented important physiological changes, including HRV, which were associated with low scores in the quality of life questionnaire, mainly in the socio-emotional aspects. And finally, we could conclude that there is a difference in the autonomic response of girls and boys with LUTD, not related to the symptoms presented, demonstrated by high rates of HRV in boys with DV and high rates of HRV in girls with OAB + DV. Keywords: LUTD, child, quality of life, HRV.
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