A Proteção Tutelar às Avessas: o Relatório Figueiredo e a violência contra o Povo Kaingang

Abstract

O texto discute a proteção tutelar às avessas em tempos de ditadura militar e as formas de violência praticadas contra o povo Kaingang expressas no Relatório Figueiredo. Durante a Ditadura Militar, nos Postos Indígenas Kaingang, situados no Brasil meridional, o governo visou à exploração das terras por meio do arrendamento a terceiros e da extração da madeira à medida que implantava a inserção de culturas exógenas como o trigo e a soja para a promoção da renda indígena e auto-subsistência. Nesse sentido, o órgão indigenista (SPI) agenciou por meio de seus agentes encarregados e vinculados a 7ª Inspetoria Regional/IR7 práticas disciplinares nas comunidades transvestidas de assistência e proteção, mas que de fato se caracterizaram pela opressão, coerção e violência física e simbólica. Esses eventos foram recentemente desvelados com maiores detalhes a partir da emergência e acesso público ao conteúdo do Relatório Figueiredo de 1968 que condensa mais de sete mil páginas em relatórios, atas, depoimentos, descrições, fotografias, entre outros documentos.