Ensaio clínico duplo cego, controlado por placebo, para avaliar a resposta de salbutamol no tratamento de fadiga em pacientes com esclerose múltipla remitente-recorrente
Resumo
Resumo: A esclerose múltipla (EM) é uma doença desmielinizante e inflamatória do sistema nervoso central, e dois terços dos pacientes com a doença sofrem de fadiga incapacitante. Pelo fato de a fadiga relacionada à esclerose múltipla associar-se ao aumento da produção de citocinas proinflamatórias, terapias imunomoduladoras poderiam representar uma alternativa ao tratamento desse sintoma. Agonistas beta- 2 adrenérgicos, como o salbutamol, apresentam propriedades imunomoduladoras; por esse motivo, o presente trabalho objetiva avaliar a efetividade de salbutamol no tratamento de fadiga relacionada à esclerose múltipla. O desenho do estudo foi um ensaio clínico, piloto, duplo-cego, controlado por placebo. Trinta pacientes (entre 18 e 69 anos) com EM remitente-recorrente, portadores de fadiga foram avaliados pelo escore de gravidade de fadiga (FSS) e pela versão brasileira do índice neurológico de fadiga para esclerose múltipla (NFI/MS-BR). Os participantes receberam sulfato de salbutamol 2 mg (2 vezes ao dia) ou placebo. O desfecho primário foi a mudança no escore FSS ao final de 90 dias. O secundário foi a efetividade nos subdomínios da NFI/MS-BR e na escala expandida do estado de incapacidade (EDSS) no mesmo período. Os participantes, a maioria feminina (80%), foram alocados a receber salbutamol (14 participantes) ou placebo (16), e 27 contribuíram para a análise. Como resultados, não houve superioridade de salbutamol sobre o placebo no desfecho FSS ao final de 30 (p=0,498), 60 (p=0.943) e 90 (p=0,347) dias. Contudo, houve diferença estatisticamente significativa favorável à redução do FSS no grupo salbutamol à análise intragrupo ao final de 90 dias (p=0,041). Salienta-se, ainda, a diminuição na intensidade da fadiga ao final de 30 dias. Não houve diferença estatisticamente significativa no desfecho EDSS (p=0,313). O efeito placebo foi proeminente e não foi relatado evento adverso grave. Evidenciou-se um aumento na frequência cardíaca no grupo salbutamol apenas nos primeiros 30 dias (p=0,028). Os resultados da pesquisa evidenciaram que o tratamento com salbutamol não melhora fadiga em pacientes com esclerose múltipla remitente-recorrente. A redução sustentada do escore de fadiga pelo FSS ao final de 90 dias na análise intragrupo, porém, salienta a necessidade que estudos randomizados mais amplos, e durante maior período de seguimento, sejam realizados. Palavras-chave: Fadiga. Esclerose múltipla. Salbutamol. Tratamento. Abstract: Multiple sclerosis (MS) is an inflammatory and demyelinating disease of the central nervous system, and two thirds of MS patients suffer from incapacitating fatigue. Because MS-related fatigue could be associated with enhanced proinflammatory cytokine production, drugs with immunomodulatories properties may represent an alternative treatment. Beta-2 adrenergic agonists, such as salbutamol, present immunomodulatory properties, and the present work aims to evaluate the effect of salbutamol on MS-related fatigue. The study design was a pilot doublemasked placebo-controlled trial. Thirty patients with relapsing-remitting MS who were between 18 and 69 years old, and suffering from fatigue, were evaluated with the Fatigue Severity Scale (FSS) and the Brazilian version of the neurological fatigue index for multiple sclerosis (NFI/MS-BR). They received salbutamol 2 mg twice a day or a placebo. The primary outcome was the change in the FSS score at the end of 90 days. The second outcome was the effects on NFI/MS-BR subdomains and on Expanded Disability Status Scale (EDSS) in the same period. The subjects, most female (80%), were allocated to receive either salbutamol (14) or a placebo (16), and 27 patients were ultimately analysed. There was no superiority of salbutamol over the placebo in the FSS outcome at 30 (p=0.498), 60 (p=0.943) and 90 (p=0.347) days. However, the comparisons between the FSS scores at the baseline and 30, 60 and 90 days, within each group, showed a statistically significant difference favorable to FSS score reduction in the salbutamol group at the end of 90 days (p=0.041). The decrease of the intensity fatigue was significant at the end of 30 days. There was no statistically significant difference on EDSS outcome (p=0.313). The placebo effect was prominent and no serious adverse event was found. Increase in heart rate was evident in the salbutamol group only in the first 30 days (p=0.028). The results of the research revealed which treatment with salbutamol does not improve fatigue in patients with relapsing-remitting MS. The sustained reduction of the FSS outcome at the end of 90 days in the intragroup analysis, however, stresses the need for larger randomized studies and longer follow-up. Keywords: Fatigue. Mutliple sclerosis. Salbutamol. Treatment.
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