A dengue em Campo Grande/MS : vulnerabilidades e segregação socioespacial a partir de uma perspectiva socioambiental
Visualizar/ Abrir
Data
2020Autor
Santos, Flávio Cabreira dos, 1976-
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Resumo: Desde que o Aedes aegypti adentrou o espaço urbano e se adaptou, a dengue tem acometido a população urbana em toda a faixa tropical úmida do planeta. Atualmente, com as alterações ocorridas nas temperaturas, principalmente, no ambiente urbano, a doença tem avançado para regiões temperadas. As epidemias, também, têm assolado os espaços urbanos brasileiros. Esta pesquisa estudou as epidemias de dengue numa área endêmica, sendo esta a cidade de Campo Grande/MS, capital do estado de Mato Grosso do Sul. O objetivo principal foi aquele de identificar os determinantes à dengue num período de 20 anos, compreendendo os anos de 1997 a 2016, e realizar o mapeamento da vulnerabilidade socioambiental à doença. A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa foi o Sistema Ambiental Urbano (SAU), sendo que foram utilizadas diferenciadas técnicas para a investigação realizada. As análises dos elementos climáticos foram organizadas em gráficos compreendendo todo o período com o intuito de identificar influências sobre a doença bem como foram elaboradas linhas de tendências climáticas. Para construir as linhas de tendência, utilizou-se a técnica estatística Men-Kendall. Os resultados identificaram que não houve tendência significativa nas temperaturas máximas e médias, porém o teste apresentou tendência positiva nas temperaturas mínimas. Em relação aos casos de dengue, no intuito de verificar se as precipitações apresentam relação com as epidemias, foi realizada a correlação de Pearson, que revelou em algumas epidemias a relação do mês de pico com as precipitações ocorridas há um ou dois meses. Posteriormente foi realizada uma análise epidemiológica da doença. Nessa etapa, as orientações foram realizadas por meio da Epidemiologia Descritiva, a qual versa sobre a identificação dos acometidos pela doença, por gênero e faixa etária. O gênero que se destacou foi o feminino, provavelmente pelo fato de as mulheres ficarem mais tempo no interior das residências ou por ser esse o gênero que possui mais atenção com a saúde e, consequentemente, o que mais se direciona ao sistema de saúde. As faixas etárias que têm sido mais impactadas pela doença se encontram entre 20 a 49 anos, talvez pelo fato de ser o grupo que se encontra ativo no mercado de trabalho, deslocando-se por mais tempo no ambiente urbano. Com a identificação epidemiológica e climática realizada, buscou-se identificar as áreas de vulnerabilidade socioambiental para os casos de dengue na cidade de Campo Grande. A técnica utilizada foi a Cartografia de Síntese, por meio da normalização e ponderação dos dados. O resultado apresentou a periferia geográfica como a área de maior concentração de altas e muito altas vulnerabilidades, as quais foram comprovadas com verificação in loco; nestas áreas encontramse as populações mais vulneráveis à dengue, utilizou-se da mesma técnica cartográfica. A concentração de uma população vulnerável à dengue nos bairros periféricos foi maior. O registro e expansão da doença na cidade foi analisado num período de 20 anos e observou-se como a doença avançou sobre a cidade. Em sua gênese, os casos tinham maior frequência na sazonalidade de verão, com ausência de notificações nas sazonalidades de outono/inverno. Atualmente, há registros da doença durante todo o ano, independente de sazonalidade, porém os grandes surtos e a formação de situações epidêmicas são mais comuns no verão. Os elementos climáticos configuram-se em importante condicionante à dengue na cidade, enquanto as atividades humanas constituem determinantes fundamentais às epidemias de dengue na cidade de Campo Grande. Palavras-chave: dengue, vulnerabilidade socioambiental, geografia da saúde Abstract: Since aedes aegypti entered the urban space and adapted, dengue has affected the urban population throughout the humid tropical strip of the planet. Currently, with changes in temperatures, especially in the urban environment, the disease has advanced to temperate regions. Epidemics have also plagued Brazilian urban spaces. Epidemics have also plagued Brazilian urban spaces. This research studied the dengue epidemics in an endemic area, this being the city of Campo Grande / MS, capital of the state of Mato Grosso do Sul. The main objective was to identify the determinants of dengue in a period of 20 years, including the years 1997 to 2016, and to map the socio-environmental vulnerability to the disease. The methodology used for the development of the research was the Urban Environmental System (SAU), and different techniques were used for the research carried out. The analysis of climatic elements was organized in graphs covering the entire period in order to identify influences on the disease as well as lines of climatic trends were elaborated. To build the trend lines, the Men- Kendall statistical technique was used. The results identified that there was no significant trend in maximum and average temperatures, but the test showed a positive trend in minimum temperatures. In relation to dengue cases, in order to verify whether the precipitations are related to the epidemics, Pearson's correlation was performed, which revealed in some epidemics the relationship between the peak month and the precipitations that occurred a month or two ago. Subsequently, an epidemiological analysis of the disease was carried out. In this stage, the guidelines were carried out through Descriptive Epidemiology, which deals with the identification of those affected by the disease, by gender and age group. The gender that stood out was the female, probably due to the fact that women spend more time inside the homes or because this is the gender that has more attention to health and, consequently, the one that most targets the health system. The age groups that have been most impacted by the disease are between 20 and 49 years old, perhaps due to the fact that it is the group that is active in the job market, moving for a longer time in the urban environment. With the epidemiological and climatic identification carried out, we sought to identify the areas of socio-environmental vulnerability for dengue cases in the city of Campo Grande. The technique used was Synthesis Cartography, through normalization and weighting of data. The result showed the geographical periphery as the area with the highest concentration of high and very high vulnerabilities, which were proven with on-the-spot verification; in these areas are the populations most vulnerable to dengue, using the same cartographic technique. The concentration of a population vulnerable to dengue in peripheral neighborhoods was higher. The record and expansion of the disease in the city was analyzed over a period of 20 years and it was observed how the disease advanced over the city. In their genesis, cases were more frequent in summer seasonality, with no notifications in autumn / winter seasonality. Currently, there are records of the disease throughout the year, regardless of seasonality, but large outbreaks and the formation of epidemic situations are more common in the summer. Climatic elements are an important condition for dengue in the city, while human activities are fundamental determinants of dengue epidemics in the city of Campo Grande. Keywords: dengue, socio-environmental vulnerability, health geography
Collections
- Teses [129]