Associação da ingestão de gorduras com risco cardiovascular avaliado pelo escore de cálcio coronário
Resumo
Resumo: Embora pesquisas anteriores tenham demonstrado ligações entre gorduras dietéticas e o risco de doenças cardiovasculares, as evidências permanecem controvérsias e ainda não está claro se a composição da dieta está relacionada ao desenvolvimento da aterosclerose coronariana subclínica. Objetivo Avaliar a associação entre o consumo de gorduras totais e suas frações, além de outros nutrientes, com risco cardiovascular, conforme estratificação de risco obtido por meio do Escore de Cálcio Coronário (ECC). Design Esta é uma análise de dados secundários de um estudo transversal que incluiu pacientes dislipidêmicos em acompanhamento ambulatorial. O risco cardiovascular foi mensurado utilizando ECC categorizando os indivíduos conforme pontuação de calcificação coronária pelo método Agatston. Foram aplicados dois recordatórios de 24h em dias alternados, utilizando o Multiple Source Method (MSM) para ajuste da variabilidade da dieta. Participantes/cenário Este estudo incluiu 180 adultos com idade média 59,8 ± 11,3 anos (65,6% mulheres) selecionados entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2020. Principais medidas de resultado Ingestão ajustada de macronutrientes, frações lipídicas e fibras; risco cardiovascular de acordo com o grau de calcificação coronária. Análise estatística Para comparações de médias nas três categorias de risco cardiovascular (ECC=0, ECC 1-100 e ECC>100), foi realizada a análise de variância, ANOVA (paramétricos) e Kruskal-Wallis (não paramétricos). Nas análises múltiplas utilizou-se o pós-teste de Tukey. Como medida de associação entre a ingestão de nutrientes e o risco cardiovascular (ECC<100 e ECC>100) foi realizada a regressão logística binária simples e múltipla com intervalo de confiança de 95%. Resultados Idade avançada, sexo masculino, presença de comorbidades e tratamento medicamentoso foram significativamente mais prevalentes naqueles com ECC >100, indicando maior risco cardiovascular. Em contrapartida, os níveis de CT e LDL-c foram maiores no grupo com ECC <100 (p<0,05). A ingestão mediana de energia foi de 1315,6kcal e os homens apresentaram maior consumo em relação a todos os nutrientes, exceto para os ácidos graxos trans. As gorduras dietéticas não apresentaram relação com o risco cardiovascular. No entanto a ingestão de fibras foi inversamente associada, independentemente dos fatores de confusão, a cada incremento de 1 g/dia de fibra, levou ao decremento de 8,2% a chance de eventos coronários futuros (OR: 0,918; IC95%: 0,845-0,999; p=0,047). Conclusões As evidências deste estudo demonstraram que as gorduras dietéticas e as frações lipídicas não estão associadas ao risco cardiovascular, avaliado pelo ECC, particularmente em indivíduos com dislipidemia do presente estudo. Palavras-chave: Ácidos Graxos. Dieta. Doenças Cardiovasculares. Gorduras Alimentares. Calcificação da Artéria Coronária. Abstract: Background Although previous research has demonstrated links between dietary fats and the risk of cardiovascular disease, the evidence remains controversial and it is still unclear whether the composition of the diet is related to the development of subclinical coronary atherosclerosis. Objective To evaluate the association between the consumption of total fats and their fractions, in addition to other nutrients, with cardiovascular risk, according to risk stratification obtained through the Coronary Artery Calcium Score (CACS). Design This is an analysis of secondary data from a cross-sectional study that included dyslipidemic patients in outpatient follow-up. Cardiovascular risk was measured using CACS, categorizing individuals according to coronary calcification scores using the Agatston method. Two 24-hour recalls were applied on alternate days, using the Multiple Source Method (MSM) to adjust the variability of the diet. Participants/setting This study included 180 adults with a mean age of 59.8 ± 11.3 years (65.6% women) selected between February 2018 and February 2020. Main outcome measures Adjusted intake of macronutrients, lipid fractions and fibers; cardiovascular risk according to the degree of coronary calcification. Statistical analyses performed For comparisons of means in the three cardiovascular risk categories (CACS 0; Ca Cs 1-100; CACS> 100), analysis of variance, ANOVA (parametric) and Kruskal-Wallis (non-parametric) was performed. Tukey's post-test was used for multiple analyzes. As a measure of association between nutrient intake and cardiovascular risk (CACS <100 and CACS> 100) simple and multiple binary logistic regression was performed with a 95% confidence interval. Results Advanced age, male gender, presence of comorbidities and use of medications were significantly more prevalent among those with CACS> 100, indicating greater cardiovascular risk. But, the levels of total cholesterol and LDL-c were higher in the group with CACS <100 (p <0.05). The median energy intake was 1315.6kcal and men showed higher consumption in relation to all nutrients, except for trans fatty acids. Dietary fats were not related to cardiovascular risk. However, fiber intake was inversely associated, regardless of confounding factors, with each increase of 1g / day of fiber, led to 8.2% decrease in the chance of future coronary events (OR: 0.918; 95% CI: 0.845- 0.999; p = 0.047). Conclusions The evidence from this study demonstrated that dietary fats and lipid fractions are not associated with cardiovascular risk, assessed by CACS, particularly in individuals with dyslipidemia in the present study. Keywords: Fatty Acids. Diet. Cardiovascular Diseases. Dietary Fat. Coronary Artery Calcification.
Collections
- Dissertações [116]