Biologia populacional e dieta de duas espécies de morcegos insetívoros em Mata Atlântica subtropical (Mammalia : Chiroptera)
Resumo
Resumo: Os morcegos passam a maior parte de suas vidas em abrigos e este é um importante atributo de sua ecologia. Estudar a dieta das espécies insetívoras pode elucidar sua atuação como controladores biológicos de artrópodes. O objetivo desta dissertação foi avaliar a biologia populacional e a dieta de Histiotus velatus e Tadarida brasiliensis em ambiente de Floresta Ombrófila Mista (FOM) no Paraná. Realizou-se um esforço amostral total de 144h, de janeiro a dezembro/2017. A cada noite foram armadas três redes de neblina ao redor da casa, abertas por seis horas após o pôr-do-sol. Realizaramse capturas mensais de morcegos dentro do sótão. Os exemplares capturados foram identificados e tiveram suas fezes coletadas para determinação da composição da dieta. Foram calculadas métricas demográficas das colônias. A partir de 13 variáveis climáticas da região, realizou-se uma PCA afim sumarizá-las. Usando-se os scores dos dois primeiros PCs, foram realizadas correlações com dados mensais de capturas, número de fêmeas reprodutivas, de jovens e cada item alimentar. A suficiência amostral de dieta foi calculada a partir de um estimador por amostra e individualmente para cada espécie. Para os itens alimentares encontrados calculou-se a frequência de ocorrência em porcentagem. As espécies foram avaliadas quanto à largura de nicho alimentar em cada estação. Foram capturados 79 indivíduos de H. velatus e 127 de T. brasiliensis. A estimativa de tamanho populacional foi realizada pelo método de captura, marcação e recaptura através do modelo de Parker, com cerca de 375 indivíduos de H. velatus e 2301 para T. brasiliensis. Para H. velatus a razão fêmea/macho foi de 3,083, a adulto/jovem de 1,689 e a taxa de nascimento de 0,783. Para T. brasiliensis foram de 0,684, 30,75 e 0,08, respectivamente. Houve correlação positiva entre os escores do PC2 (representando fatores de umidade e precipitação) e o número de capturas de fêmeas reprodutivas de T. brasiliensis (r = 0,65; p = 0,02). Obtiveram-se 54 amostras fecais de H. velatus e 84 de T. brasiliensis. Foram registrados três itens alimentares ao todo. A amostragem se mostrou suficiente para caracterizar a dieta de ambas as espécies. As maiores larguras de nicho foram obtidas para H. velatus na primavera (H=1,04) e para T. brasiliensis no inverno (H=0,683). Não houve correlação entre as variáveis climáticas e os itens alimentares consumidos. Ambas as espécies são encontradas comumente em Floresta Ombrófila Mista e ocupando abrigos artificiais. A taxa de maternidade de H. velatus indica uma colônia reprodutiva. Esta taxa foi baixa para T. brasiliensis, indicando um abrigo não reprodutivo. Histiotus velatus conta com poucos dados a respeito de sua dieta, e sendo uma espécie de crânio robusto, esperava-se que consumisse mais Coleoptera. Novos dados para as espécies, principalmente para H. velatus, podem contribuir para monitorar seu status frente às alterações ambientais Abstract: Os morcegos passam a maior parte de suas vidas em abrigos e este é um importante atributo de sua ecologia. Estudar a dieta das espécies insetívoras pode elucidar sua atuação como controladores biológicos de artrópodes. O objetivo desta dissertação foi avaliar a biologia populacional e a dieta de Histiotus velatus e Tadarida brasiliensis em ambiente de Floresta Ombrófila Mista (FOM) no Paraná. Realizou-se um esforço amostral total de 144h, de janeiro a dezembro/2017. A cada noite foram armadas três redes de neblina ao redor da casa, abertas por seis horas após o pôr-do-sol. Realizaramse capturas mensais de morcegos dentro do sótão. Os exemplares capturados foram identificados e tiveram suas fezes coletadas para determinação da composição da dieta. Foram calculadas métricas demográficas das colônias. A partir de 13 variáveis climáticas da região, realizou-se uma PCA afim sumarizá-las. Usando-se os scores dos dois primeiros PCs, foram realizadas correlações com dados mensais de capturas, número de fêmeas reprodutivas, de jovens e cada item alimentar. A suficiência amostral de dieta foi calculada a partir de um estimador por amostra e individualmente para cada espécie. Para os itens alimentares encontrados calculou-se a frequência de ocorrência em porcentagem. As espécies foram avaliadas quanto à largura de nicho alimentar em cada estação. Foram capturados 79 indivíduos de H. velatus e 127 de T. brasiliensis. A estimativa de tamanho populacional foi realizada pelo método de captura, marcação e recaptura através do modelo de Parker, com cerca de 375 indivíduos de H. velatus e 2301 para T. brasiliensis. Para H. velatus a razão fêmea/macho foi de 3,083, a adulto/jovem de 1,689 e a taxa de nascimento de 0,783. Para T. brasiliensis foram de 0,684, 30,75 e 0,08, respectivamente. Houve correlação positiva entre os escores do PC2 (representando fatores de umidade e precipitação) e o número de capturas de fêmeas reprodutivas de T. brasiliensis (r = 0,65; p = 0,02). Obtiveram-se 54 amostras fecais de H. velatus e 84 de T. brasiliensis. Foram registrados três itens alimentares ao todo. A amostragem se mostrou suficiente para caracterizar a dieta de ambas as espécies. As maiores larguras de nicho foram obtidas para H. velatus na primavera (H=1,04) e para T. brasiliensis no inverno (H=0,683). Não houve correlação entre as variáveis climáticas e os itens alimentares consumidos. Ambas as espécies são encontradas comumente em Floresta Ombrófila Mista e ocupando abrigos artificiais. A taxa de maternidade de H. velatus indica uma colônia reprodutiva. Esta taxa foi baixa para T. brasiliensis, indicando um abrigo não reprodutivo. Histiotus velatus conta com poucos dados a respeito de sua dieta, e sendo uma espécie de crânio robusto, esperava-se que consumisse mais Coleoptera. Novos dados para as espécies, principalmente para H. velatus, podem contribuir para monitorar seu status frente às alterações ambientais
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