Hashtag na capa : representações da agenda feminista nas revistas Claudia e Marie Claire (2010-2017)
Resumo
Resumo: Esta pesquisa visa analisar de que maneira as revistas femininas Claudia e Marie Claire representaram a demanda da agenda feminista em suas publicações, no período 2010-2017, sobretudo a partir de 2015, considerado o ano do feminismo na internet no Brasil (Primavera das Mulheres). O domínio das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) e o acesso à internet em diversas plataformas, inclusive móveis, permitiu uma reorganização do ativismo feminista, ampliando múltiplas vozes das mulheres, desde o início do século (NATANSOHN e REIS, 2017). Em época de uma intensa mobilização digital, discussões sobre temas como estupro, assédio, aborto, violência doméstica, entre outros, ganham cada vez mais espaço na esfera pública. Esta movimentação na internet foi difundida por campanhas institucionais e espontâneas, por meio do uso de hashtags como #meuprimeiroassedio, #mexeucomumamexeucomtodas e #meuamigosecreto, muitas delas apropriadas também por revistas impressas. Essa produção simbólica, disseminada pela linguagem e pelos dispositivos tecnológicos, auxilia na transformação de normas pré-estabelecidas (CASTELLS, 2001), a partir da visibilidade de pautas historicamente marginalizadas. Como as revistas femininas têm as mulheres como público-alvo majoritário, as principais interessadas por essa agenda, buscou-se, com esta pesquisa, identificar de que maneira as demandas feministas repercutiram nas publicações femininas em exame. Para responder essa questão, optou-se por dividir esta pesquisa de abordagem quantitativa-qualitativa, em três etapas. A primeira, busca verificar, por meio da análise categorial (BARDIN, 2016) se essas publicações destacaram a temática feminista em suas capas e que pautas da agenda foram essas. Em um segundo momento, optou-se por analisar, com o auxílio da Teoria das Representações (HALL, 2016; SWAIN, 2001) e da Construção Social da Realidade (BERGER e LUCKMANN, 1998, 2017), as chamadas de capa correspondentes às categorias Direitos e Feminismo. Na terceira etapa, focouse na apropriação do uso das hashtags por essas revistas, por vezes associadas a campanhas digitais feministas, e por vezes, usadas como uma forma de dar um apelo político feminista à chamada. As matérias que apresentaram alguma hashtag nas chamadas de capa foram analisadas nesta etapa do estudo. No total de 196 publicações analisadas, constatou-se que as revistas femininas Claudia e Marie Claire têm ampliado as discussões acerca dos "novos feminismos" (BIROLI, 2019; HOLLANDA; BOGADO, 2018) em suas capas desde 2015; por vezes, utilizando a hashtag de forma simbólica para expor essas pautas em suas capas, e por vezes com contradições de quebra e reforço de padrões sociais. Palavras-chave: Comunicação. Revistas Femininas. Feminismo. Representações. Hashtags. Abstract: This research aims to analyze how the women's magazines Claudia and Marie Claire represented the demand of the feminist agenda in their issues, ibetween 2010-2017, especially after 2015, considered the year of feminism on the internet in Brazil (Primavera Feminista - Women's Spring). The domain of Information and Communication Technologies (ICTs) and internet access on many different platforms, including mobile, has allowed a reorganization of feminist activism, broadening women's voices since the beginning of the century (NATANSOHN and REIS, 2017). In times of intense digital mobilization, discussions on topics such as rape, harassment, abortion, domestic violence, among others, are increasingly gaining ground in the public sphere. This movement on the Internet has been widespread through institutional and spontaneous campaigns through the use of hashtags such as #meuprimeiroassedio (#myfirstharassment), #mexeucomumamexeucomtodas (#messedwithonemessedwithall) #meuamigosecreto (#mysecretfriend), many of which are also appropriate by print magazines. This symbolic production, disseminated by language and technological devices, assists in the transformation of pre-established norms (CASTELLS, 2001), from the visibility of historically marginalized guidelines. As women's magazines have women as their main target audience, the main stakeholders in this agenda, the aim of this research was to identify how feminist demands had repercussions on the female publications under examination. To answer this question, it was decided to divide this quantitative-qualitative approach research into three stages. The first seeks to verify, through categorical analysis (BARDIN, 2016) whether these publications highlighted the feminist theme on their covers and which agenda items were those. Secondly, it was decided to analyze, with the help of Representation Theory (HALL, 2016; SWAIN, 2001) and Social Reality Construction (BERGER and LUCKMANN, 1998, 2017), the cover calls corresponding to the categories Rights and Feminism. In the third stage, it focused on appropriating the use of hashtags by these magazines, sometimes associated with feminist digital campaigns, and sometimes used as a way of giving feminist political appeal to the call. The articles that had some hashtag in the cover calls were analyzed at this stage of the study. From 196 publications analyzed, it was found that the women's magazines Claudia and Marie Claire have broadened the discussions about "new feminisms" (BIROLI, 2019; HOLLANDA; BOGADO, 2018) in their covers since 2015; sometimes using the hashtag symbolically to expose these guidelines on their covers, and sometimes with contradictions of breaking and reinforcing social patterns. Keywords: Communication. Women's Magazines. Feminism. Representations. Hashtags.
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