Percepção de risco sobre consumo de álcool e comportamento no trânsito em Curitiba, Paraná, Brasil
Abstract
Resumo: O Departamento de Trânsito do Paraná indicou que no ano de 2009 o Paraná registrou 96.697 acidentes, sendo destes 37.716 com vítimas. O uso de álcool é um dos principais fatores relacionados a acidentes de trânsito e mortalidade no Brasil. Em 19 de junho de 2008 a Lei nº 11.705/08 foi promulgada, determinando a proibição do consumo de qualquer quantidade de bebida alcoólica por condutores de veículos. A lei causou algumas alterações nos comportamentos dos motoristas que puderam ser observadas em 2008 quando se registrou uma queda de 20% nos atendimentos dos setores de ortopedia e traumatologia dos hospitais. Entretanto, estudo divulgado em 2010 pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas indica que um em cada quatro motoristas entrevistados em rodovias federais admitiu ter consumido cinco ou mais doses de bebida alcoólica de duas a oito vezes em um mês. Esta dissertação busca compreender a percepção do risco de beber e dirigir, comparando dois grupos de motoristas: um em situação de beber (grupo online – 100 sujeitos) e outro fora dessa situação (grupo offline - 100 sujeitos). O objetivo da pesquisa foi identificar fatores que interferem na maneira de perceber os riscos, com a finalidade de analisar a articulação entre risco percebido e risco objetivo, além de comparar se a percepção de risco dos motoristas que estão nos bares fazendo uso de bebida e irão dirigir, é ou não semelhante à percepção de risco dos motoristas que falam desta situação estando fora dela. Os dois grupos possuem caracterização de idade, escolaridade, estado civil e tempo de carteira semelhantes para efeito de comparação, e são compostos por 50 mulheres e 50 homens cada um. A coleta de dados foi feita com aplicação de questionário preenchido pela pesquisadora, com perguntas abertas e fechadas que investigaram a percepção de risco dos motoristas sobre os fatores analíticos discritos na literatura: efeitos do álcool; consciência, familiaridade e comportamentos de risco; confiança; risco percebido e risco real, além de registrar informações sobre dados demográficos e situação da CNH: multas, tempo de direção e acidentes. Como resultado foi possível verificar que o grupo online possui mais multas, mais acidentes, além de frequentar bares o dobro de vezes do grupo offline. Houve pouca diferença entre a percepção de risco dos dois grupos em relação ao porque bebem e dirigem, além da concordância com a lei e motivos de alteração de reflexo com o uso de álcool, porém houve grande diferença entre percepção de risco auto e hetero dirigida, sendo que os sujeitos mostraram complacência ao se referirem aos motivos pelos quais eles próprios bebem e dirigem e rigor ao analisar porque os demais o fazem: alegam confiança e controle para justificar porque eles bebem, mas a razão percebida para justificar o comportamento dos demais é a impunidade e irresponsabilidade. Nas justificativas para beber e dirigir, foram identificados fatores na determinação da percepção de risco: ilusão de controle, minimização do risco para si e potencialização do risco para o outro, otimismo irrealista, confiança excessiva, falta de credibilidade nas instâncias fiscalizadoras e familiaridade. Abstract: In 2010 the Traffic Department of Paraná indicates that in 2009 it was recorded 96.697 accidents in Paraná, being 37.716 of these with victims and 58.891 victimless. Although the causes of the accidents were not included in the study, it is possible to relate many of them to alcohol use, which is today one of the main factors related to traffic accidents and mortality in Brazil. The consequences coming upon the use of alcohol instigate interventions at various levels and, on June 19, 2008 the Law No. 11.705/08 was enacted, establishing prohibition of the consumption of any amount of alcohol by vehicles drivers. The law caused some changes in drivers’ behavior that were observed in 2008 when it was recorded a 20% drop in the orthopedics and traumatology hospital’s care sector. However, a study released in 2010 by the National Drug Policy indicates that one in four drivers interviewed in federal highways admitted have consumed five or more doses of alcoholic drinks from two to eight times in a month. This dissertation seeks to understand the perceived risk of drinking and driving, comparing two groups of drivers: one in a drinking situation (online group - 100 subjects) and the other outside this situation (offline group - 100 subjects). The aim was to identify factors that interfere in the way risks are perceived, in order to analyze the relationship between perceived risk and objective risk, beside to compare whether the perception of risk by drivers who are making use of alcohol dinks in bars and will drive is similar or not to risk perception of drivers who talk of this situation being outside it. The two groups have similar characters of age, education, civil status and time of driver’s license in order to comparison, and are composed by 50 women and 50 men each. Data collection was done through application of a questionnaire completed by the researcher, with open and closed questions that investigated the drivers’ perception of risk of the analytical factors described in the literature: alcohol’s effects, awareness, familiarity and risk behaviors, confidence, perceived risk and real risk, beside to record information about demographics and situation of CNH: fines, driving time and accidents. As a result it was possible to verify that the online group has more fines, more accidents, besides frequenting bars twice as often as the offline group. There was little difference between the risk perception in both groups in relation to the reasons of drinking and driving, in addition to compliance with the law and reasons for changing reflexes with the use of alcohol, but there was a big difference between risk perception self directed and to others, and the subjects showed complacency when referring to why themselves drink and drive and rigor to analyze why the others do: argue confidence and control to justify why they drink, but the reason perceived to justify the behavior of others is impunity and irresponsibility. In the justifications for drinking and driving, factors were identified in the determination of risk perception: the illusion of control, minimizing the risk to themselves and increase the risk to the other, unrealistic optimism, overconfidence, lack of credibility in the supervisory instances and familiarity.
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