50 anos de morte do Tenente Camargo (1965-2015) : impasses e conflitos da memória institucional do Exército Brasileiro
Resumo
Resumo: A proposta de investigação que aqui se apresenta possui como objetivo central discutir os conflitos e impasses da memória institucional do Exército Brasileiro vinculados aos rituais fúnebres e cerimoniais militares, ocorridos entre 1965 a 2015, e realizados em homenagens post mortem ao herói militar das Operações de Contraguerrilha de 1965, o Tenente Carlos Argemiro de Camargo. Camargo foi morto no sudoeste do Paraná em combate à guerrilha do coronel exilado Jefferson Cardim de Alencar Osório em 28 Mar. 1965. O fato deste militar ser morto pela esquerda brasileira em pleno Regime Militar fez dele um símbolo político que transcendeu o seu tempo, sendo que a sua comemoração efetivou-se por cinco décadas. Este estudo se destaca em relação às pesquisas anteriores na medida em que pretende perceber os rituais fúnebres militares como parte integrante de uma liturgia vinculada à religiosidade cívica, não tão somente ligada às manipulações da memória militar em prol de uma propaganda política ideológica do regime. Neste sentido, tomou-se como problema de pesquisa a temática inspirada pelo campo da historiografia da morte, que se propõe estudar os cemitérios, os rituais fúnebres e a população dos mortos mais próximos do nacionalismo percebendo a existência de uma religião cívica; o pressuposto desta pesquisa é que se estará relevando a um plano secundário a análise que vislumbra tão somente as interpretações do uso político do passado. A importância do objeto de pesquisa aqui proposto é que através dele percebe-se que as representações da morte em combate à tropa de Cardim foram elaboradas, e externadas, pelo Exército, tornaram Camargo um símbolo da luta contra o comunismo. E, operacionalizando uma política memorial o Exército fez dele uma das maiores invenções simbólicas daquela instituição durante o Regime Militar, cuja memória é permeada de contradições. Palavras-chaves: Exército; Rituais fúnebres; Morte; História; Memória. Abstract: The proposal for the investigation presented here has as main objective to discuss the conflicts and dilemmas of the institutional memory Brazilian Army linked to the funeral rites and military ceremonies, which occurred from 1965 to 2015, and carried out in post mortem homage to the military hero of Counter-Guerrilla Operations of 1965, the Lieutenant Carlos Argemiro de Camargo. Camargo was killed in the southwest of Paraná fighting the guerrilla from the exiled Colonel Jefferson Cardim de Alencar Osorio on March 28th 1965. The fact that this military was killed by the Brazilian left wing at full Military Regime made him a political symbol that transcended his time, and his celebration was carried out through five decades. This study stands out from previous research in that it aims to realize the military funeral rituals as part of a linked liturgy to civic religion, not solely linked to the manipulation of military memory in favor of an ideological political advertisement of the regime. In this regard, it was taken as research problem the theme inspired by the field of historiography of death, which aims to study the cemeteries, funeral rites and the population of the nearest dead nationalism realizing the existence of a civic religion; the assumption of this research is that it will be evidencing to a secondary plan the analysis that sees so only the interpretations of the political use of the past. The importance of the research object here proposed is that through it it is realized that the representations of death in fighting the Cardim troops were prepared, and externalized, by the Army, what made Camargo a symbol of the struggle against communism. In addition, operationalizing one memorial policy the Army made him one of the greatest symbolic inventions of that institution during the Military Regime, whose memory is permeated with contradictions. Keywords: Army; Funeral Rites; Death; History; Memory.
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- Teses [156]