Práticas alimentares e estratégias de enfrentamento da insegurança alimentar e nutricional de famílias em vulnerabilidade social
Resumo
Resumo: O presente estudo teve como principal objetivo compreender as práticas alimentares e as estratégias de enfrentamento da insegurança alimentar e nutricional de famílias titulares de direito do Programa Bolsa Família (PBF) de Colombo - PR. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado em áreas de abrangência de unidades de saúde urbanas. Foram entrevistadas 25 mulheres, cadastradas no PBF, selecionadas a partir de dados sobre a prevalência de insegurança alimentar nesta população. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada e analisados por meio da técnica de análise de conteúdo, modalidade temática. Utilizou-se o referencial teórico das representações sociais e o conceito de habitus de Pierre Bourdieu. Verificou-se a priorização dos alimentos básicos, culturalmente referenciados e considerados essenciais ao sustento, enquanto itens como comidas para crianças e aqueles associados à alimentação saudável e ao universo dos ricos eram desejados, porém, adquiridos conforme as possibilidades de renda. Também foi observada a influência do discurso biomédico nas representações e práticas alimentares deste grupo. A dieta das famílias apresentou variações importantes ao longo do mês, refletindo a instabilidade no acesso a vários grupos alimentares e acarretando uma monotonia alimentar. A análise da situação alimentar revelou que 14 titulares se percebiam em situação de segurança alimentar, enquanto 11 se percebiam em insegurança alimentar. A percepção de estar em SAN se relacionou com a superação de vulnerabilidades sociais e melhoria na renda familiar, possibilitando melhor acesso aos alimentos. As mulheres que se percebiam em insegurança alimentar relataram a presença de fatores que se relacionavam com a maior vulnerabilidade socioeconômica e alimentar, entre os quais baixa escolaridade, doença familiar e monoparentalidade feminina. Com relação ao acesso alimentar, a principal forma de obter alimentos foi a compra nos mercados varejistas, seguida pelo recebimento de ajuda alimentar e o cultivo de alimentos para autoconsumo. As estratégias relacionadas ao planejamento das compras se constituíram na principal ferramenta utilizada na tentativa de garantir uma melhor alimentação no domicílio. Também foram encontradas estratégias intradomiciliares, como realização de trabalhos extras, preparação de comidas caseiras e restrição na variedade e/ou quantidade de alimentos consumidos. O recebimento de ajuda alimentar foi importante para a garantia da subsistência das famílias em maior insegurança alimentar. Conclui-se que embora o PBF aumente a renda familiar e promova um melhor acesso alimentar, o alcance desta política social é insuficiente para promover a superação da situação de pobreza destas famílias, visto que esta integra uma série de vulnerabilidades que necessitam de uma atuação mais ampla e integrada na área das políticas de proteção social e das ações estruturantes. Destaca-se também a importância de ações relacionadas ao abastecimento alimentar para melhorar a alimentação dessas famílias. Palavras chave: hábitos alimentares, segurança alimentar e nutricional, pobreza, programas governamentais. Abstract: The following study aimed to understand the eating habits and of families registered in the Bolsa Familia Program (PBF) of Colombo - PR and the strategies to deal with food insecurity. It is a qualitative study conducted in areas of coverage by the urban health centers in Colombo. 25 women were interviewed, selected from data on the prevalence of food insecurity in this population. Data were collected through semi-structured interviews and analyzed using content analysis technique, thematic modality. It was adopted social representations and the concept of habitus of Pierre Bourdieu as the analytical category. It was found the prioritization of basic foods, culturally referenced and considered essential to livelihood, while items such as foods to children and those associated with healthy eating and the universe of rich people were desired, however, acquired as the income possibilities. It was also noted the influence of the biomedical discourse in the representations and eating practices of this group. The diet of the families presented important variations during the month, reflecting the instability in access to various food groups, causing a monotony diet. The analysis of the food conditions revealed that 14 women lived in food security, while 11 lived in food insecurity conditions. The perception of being in food security was related to overcoming social vulnerabilities and improved family income, enabling better access to food. The women who perceived themselves in food insecurity reported the presence of factors related with major socio-economic vulnerabilities, including low education, single parenthood female and family disease. With regard to food access, the main way to get food was the purchase in grocer's store, followed by the receipt of food aid and growing food for self-consumption. The strategies related to planning of purchases constituted the main tool used in an attempt to ensure better food at home. Household strategies, such as performing extra work, preparing homemade meals and restriction in the variety and/or quantity of food consumed were also found. The receipt of food aid was important for ensuring the livelihood of families in greater food insecurity. We conclude that although the PBF increase family income and promote better food access, this social policy is insufficient to overcoming poverty situation of these families, as this is part of a number of vulnerabilities that require broader and integrated operations in the social protection area and structuring actions policies. It also highlights the importance of actions related to the food supply to improve food security of families in social vulnerability. Keywords: eating habits, food and nutrition security, poverty, government programs.
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