Zooplâncton do Complexo Estuarino de Paranaguá - PR durante o verão de 2012.
Resumo
Resumo : Estuários são ambientes extremamente produtivos e dinâmicos que possuem grande importância ecológica e econômica, constituindo locais de alimentação, reprodução e abrigo para diversas espécies de peixes e invertebrados. A elevada biomassa de organismos nestes ambientes é resultado de uma cadeia trófica complexa, com acentuada variação temporal e espacial, que possibilita a ocorrência uma fauna variada de zooplâncton e peixes. Os organismos zooplanctônicos, em função de sua abundância e biomassa, possuem papel chave na teia trófica do sistema, transferindo a energia da produção primária para níveis tróficos superiores. O Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP) é considerado um dos principais ecossistemas costeiros da região sul-sudeste do Brasil, mas a comunidade zooplanctônica da região é ainda muito pouco conhecida. Este trabalho apresenta uma caracterização da comunidade zooplanctônica do CEP com o objetivo de determinar a composição, densidade e distribuição espacial dos organismos durante o verão de 2012. Para tal, foram realizadas amostragens entre os dias 12 e 16 de março através de arrastos oblíquos com rede de zooplâncton cilíndrico-cônica (0,5 m de boca e 200 µm de malha), equipada com fluxomêtro, em 37 pontos distribuídos no estuário. Valores de temperatura e salinidade superficiais foram obtidos em campo com auxilio de um termômetro de mercúrio e refratômetro. O material coletado foi fixado em solução formaldeído a 4 % e analisado em laboratório. Os organismos foram contados, triados e classificados de acordo com guias especializados sob microscópio estereoscópico. Os resultados apontaram grande variabilidade espacial para os dados abióticos, sendo que a salinidade oscilou entre 20 e 34 e a temperatura entre 26 e 31ºC. Foram observados grupos taxonômicos diversos, como Copepoda, Chaetognatha, Appendicularia, Hydromedusae, Cladocera, náuplios de Cirripedia, larvas de crustáceo Decapoda e Polychaeta. Entretanto, os copépodes foram dominantes, constituindo 96 % de abundância total. As espécies mais frequentes e abundantes foram Oithona oswaldocruzi, Acartia
lilljeborgi, Pseudodiaptomus acutus e Temora turbinata, com densidades médias de 6.883, 4.387, 1.707 e 913 ind.m- 3, respectivamente. Os grupos Chaetognatha, Appendicularia e as larvas de crustáceo Decapoda foram relativamente importantes na baía de Laranjeiras e no canal de Superagüi. Foram observadas diferenças espaciais significativas na composição zooplanctônica do CEP, sendo que os setores internos foram caracterizados pela presença de espécies tipicamente estuarinas, enquanto a porção mais externa e salinizada se distinguiu pela ocorrência de espécies marinhas. Com relação à densidade total, os menores valores (mínimo de 1.055 ind.m-3 ) foram registrados em áreas mais internas da baía de Paranaguá, enquanto que os maiores foram encontrados principalmente nas estações intermediárias polihalinas, com um pico de 51.570 ind.m-3 na entrada da baia de Paranaguá. Estes resultados podem estar associados tanto a processos hidrodinâmicos como também a eutrofização local, uma vez que as maiores densidades zooplanctônicas coincidiram com os padrões de distribuição espacial de nutrientes e clorofila-a observados por estudos prévios para períodos de verão.
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- Oceanografia [359]