Efeitos do derrame experimental de óleo bunker sobre o macrobentos de uma planície entremarés não vegetada da Baía de Paranaguá (Paraná)
Resumo
Resumo: Animais bênticos têm sido utilizados em programas de monitoramento de ecossistemas aquáticos como importantes indicadores da qualidade da água e dos níveis de perturbação ambiental. As regiões estuarinas são particularmente vulneráveis a impactos causados por derrames acidentais de petróleo, por freqüentemente abrigarem instalações portuárias e por suas características de confinamento. Este trabalho teve por objetivo desenvolver uma análise experimental dos efeitos de óleo combustível Bunker sobre a macrofauna bêntica de uma planície entremarés não-vegetada no Rio Maciel (Baía de Paranaguá). O experimento foi do tipo agudo, controlado e em pequena escala espacial, com a simulação de um impacto único (100 ml de óleo / 0,027 m2), seguido pelo acompanhamento das respostas biológicas do macrobentos na área impactada e em uma área controle adjacente. A estratégia amostral utilizada foi do tipo BACI (Before and After/ Control and Impact) e teve a duração de 99 dias, com 6 coletas anteriores ao impacto e 7 posteriores. Foram acompanhados os processos de mortalidade e recolonização e reconhecidas as espécies tolerantes ou sensíveis ao impacto. Foram identificados e quantificados 8.825 indivíduos pertencentes a 64 táxons. As espécies ou grupos numericamente dominantes em ambos os tratamentos foram os poliquetas Laeonereis acuta (3598 inds), Capitella sp (351 inds), Sigambra grubei (323 inds) e oligoquetas não identificados (2467 inds). Não foram observadas diferenças significativas na riqueza, abundância e diversidade específica entre tratamentos. No entanto, foram registradas variações significativas nas respostas da fauna entre os distintos dias de amostragem. Os biondicadores mais tolerantes à presença de óleo no sedimento foram Laeonereis acuta, Glycinde multidens, Sigambra grubei, Tagelus divisus e oligoquetas que apresentaram poucas variações populacionais após o experimento. Por outro lado, o bivalve Lucina pectinata e o poliqueta Neanthes succinea mostraram-se sensíveis ao impacto, com quedas populacionais significativas associadas ao derrame e ausência de recuperação até 62 dias após o impacto. De uma maneira geral, a abordagem experimental adotada mostrou que os impactos do óleo bunker sobre variáveis descritoras da associação local foram pouco relevantes na escala espacial adotada.
Palavras - chave: derrame; recolonização; óleo bunker; desenho amostral tipo BACI; macrobentos; Rio Maciel
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- Oceanografia [354]