Estrutura da comunidade de Chrysomelidae (Coleoptera) no Estado do Paraná, Brasil
Resumo
Buscando reconhecer áreas faunísticas representativas dos vários ambientes do Estado
do Paraná, entre agosto/1986 e julho/1988 foi desenvolvido o Levantamento da Fauna
Entomológica no Estado do Paraná – PROFAUPAR. A partir de coletas semanais com
armadilha Malaise em oito localidades, 39.761 coleópteros foram amostrados, dos quais
7.611 pertencem a 465 espécies de Chrysomelidae. Ponta Grossa foi o local com maior
abundância e o segundo mais rico, ficando atrás somente de São José dos Pinhais.
Galerucinae foi a subfamília mais abundante e a mais rica. Telêmaco Borba apresentou
o maior índice de diversidade e Antonina a maior dominância, causada por Margaridisa
sp. (Galerucinae, Alticini). Do total de espécies capturadas, 78,5% apresentaram menos
de dez indivíduos. Já as dez espécies mais abundantes foram responsáveis por 44,7% do
total coletado. Pela curva de acumulação de espécies, já nos cinco primeiros meses, em
Telêmaco Borba e Fênix foram coletados 72% do total das espécies registradas para
estes locais e, ao contrário, em São José dos Pinhais o maior número de espécies foi
coletado no segundo ano. As estimativas de riqueza de espécies apontam que devam
existir ainda de 34,6% a 58,7% de espécies a serem capturadas e, que em Telêmaco
Borba, com o incremento de coletas, haverá o menor incremento. Nenhuma espécie foi
comum a todos os locais e, dentre eles, São José dos Pinhais apresentou o maior número
de espécies exclusivas. Apesar dos baixos valores de similaridade, o relacionamento
entre os locais refletiu o tipo florestal no qual estão inseridos. Quanto à estrutura de
comunidade, Colombo e Telêmaco Borba mostraram-se mais relacionados. Antonina e
Ponta Grossa foram os locais mais estáveis entre os anos, tanto na composição quanto
na estrutura de comunidade. Comparando os dados de Ponta Grossa de dois períodos
distintos, com intervalo de 13 anos, foi verificado um aumento do grau sucessional
refletido na redução da proporção dos crisomelídeos. Além disso, houve uma mudança
na composição das espécies dominantes, com Neothona prima Bechyné, 1955
(Galerucinae, Alticini) sendo substituída por Dinaltica gigia Bechyné, 1956
(Galerucinae, Alticini). A sazonalidade de Coleoptera e Chrysomelidae foi semelhante,
com maior abundância nos meses mais quentes de primavera e verão, mas com picos de
abundância variando entre os diferentes locais. O fotoperíodo, temperatura e umidade
foram os fatores que mais influenciaram a sazonalidade de Chrysomelidae. As dez
espécies dominantes foram: Margaridisa sp., Neothona prima, Dinaltica gigia,
Diphaltica sp., Epitrix sp.6, Genaphthona yasmina Bechyné, 1955, Eumolpinae sp.24,
Monoplatus ocularis Bechyné, 1955, Trichaltica micros Bechyné, 1954 e Syphraea
sp.4. Com exceção de Diphaltica sp., Eumolpinae sp.24 e T. micros que parecem ser
univoltinas, com pico de ocorrência no verão, as demais tiveram pelo menos dois picos
de abundância durante os anos. A maioria das espécies apresentou pico de ocorrência no
verão, entretanto Epitrix sp.6 e G. yasmina apresentaram picos no inverno. Houve
tendência de diminuição do tamanho de Chrysomelidae com o aumento da abundância.
Tanto a abundância quanto a riqueza apresentaram correlação negativa com o tamanho
corporal, sendo suas maiores freqüências registradas entre 3 e 4,99 mm. Apesar disso, o
tamanho explicou pouco da variação da abundância, de modo que outros fatores devem
ser mais importantes na determinação das densidades populacionais. Foi verificada uma
tendência de diminuição no tamanho corporal na comunidade de Chrysomelidae das
áreas mais degradadas para as menos degradadas.
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