Constituição e representações do feminino em cartas em cartas do editor em revistas femininas
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Data
2011Autor
Peres, Letícia Maria Lacerda, 1980-
Metadata
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Resumo: Durante muito tempo, a mulher teve sua história contada/criada quase que exclusivamente pelos homens, cabendo a ela apenas aceitar passivamente o papel que lhe era concedido na/pela sociedade. Somente a partir do século XIX as mulheres começam a participar mais efetivamente da escritura de sua própria história, questionando o lugar que lhe era destinado e (deixando)/registrando relatos de sua forma de pensar, agir e sentir. Não é de se estranhar, portanto, que certos estereótipos machistas e preconceituosos insistam em perdurar na sociedade mesmo depois de a mulher ter conquistado o estatuto de igualdade perante o homem. Pensando no espaço polêmico em que se instauram os discursos femininos, esta pesquisa identifica e descreve certos estereótipos e identidades que circulam na mídia impressa brasileira, mais especificamente aquelas "criadas/sustentadas" pela própria mulher, em três revistas direcionadas ao público feminino: Marie Claire, Bárbara e Ana Maria. A escolha do corpus foi orientada pelo conhecimento prévio do público-alvo de cada uma dessas publicações: um público elitizado no primeiro caso; um público menos elitizado, mas ascendente, no segundo e um público mais popular no último. As análises concentraram-se no gênero discursivo "Carta do editor" por se tratar de um gênero cujo enunciador é supostamente uma mulher dirigindo-se a outras mulheres. Partindo dos pressupostos teóricos de Maingueneau (1993; 2006; 2008) sobre ethos, pathos e cenografia, foi possível observar que o pathos possui um peso bastante relevante para a construção da imagem do enunciador (ethos). Além disso, os discursos das revistas femininas projetam a imagem da mulher de forma submissa, fútil e alienada em relação aos problemas sociais. Essa imagem é validada por estereótipos da mulher como ser "frágil" e "submisso" que, por sua vez, estão conectados a uma memória discursiva cujos dizeres remetem a uma situação contrária à emancipação e independência femininas. Assim, o discurso veiculado pelas revistas é perpassado pelo interdiscurso que remonta à memória discursiva do senso comum, criando um simulacro para o universo feminino: não é fácil ser mulher nas sociedades patriarcalistas. A conclusão nos aponta para a contradição entre o que se quer dizer e aquilo que de fato é dito nas revistas femininas, ostrando que os discursos ali veiculados não conseguem ser isentos de preconceitos que eles mesmos tentam evitar. Abstract: For a long time, woman’s history was told/made almost exclusively by man. She had nothing else to do but helplessly accept the role society allowed her to play. Only since the nineteenth century women started to more effectively take part in the writing of their own history, questioning the place they were given to take, leaving accounts of their way of thinking, acting and feeling. It’s no wonder, therefore, that certain chauvinist and prejudiced stereotypes perdure for so long in society even after woman’s conquering equal status with man. Considering the controversial place where the feminine discourses take place, this work identifies and describes certain stereotypes and identities that circulate in the Brazilian media, most specifically those "made/maintaned" by woman herself, in three women’s magazines: Marie Claire, Bárbara and Ana Maria. To choose the corpus, we took into consideration the previous knowledge about the target audiences of those publications: an elite audience, a less-elite but enriching audience and a more popular audience, respectively. The analysis focused on the "Letter to the editor" discourse genre, for this is a genre whose sender is supposedly a woman who addresses other women. Taking the theoretical assumption of Maingueneau (1993; 2006; 2008) on ethos, pathos and scenography, it was possible to notice that pathos has a very relevant weight in the construction of the image of the sender (ethos). Besides that, the discourses of women’s magazines project an image of the woman in a submissive, frivolous and alienated way in relation to social problems. That image is validated by stereotypes of the woman as a "fragile submissive" being. These stereotypes, by their turn, are connected to a discursive memory whose sayings refer to a situation that is contrary to the female emancipation and ndependence. Thus, the interdiscourse that refers to the discoursive memory of common sense runs through all the discourse conveyed by those magazines, creating a simulacrum to the female universe: being a woman in a patriarchalist society is not easy. The onclusion shows us the contradiction between what is meant and what is really said in women’s magazines, making clear that the discourses conveyed can not be devoid of prejudices they themselves try to avoid.
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- Teses & Dissertações [10425]