Fatores socioecônomicos, comportamentais e biológicos relacionados à presença de dentes cariados não tratados aos 12 anos de idade
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Data
2011-05-11Autor
Pintarelli, Tatiana Pegoretti
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Resumo: A cárie dentária é considerada a doença crônica mais comum na infância e adolescência. A etiologia da cárie é multifatorial e pode associar-se a fatores biológicos, comportamentais, socioeconômicos e de acesso aos serviços odontológicos. O objetivo deste estudo foi investigar a relação entre estes fatores, isolados ou em conjunto, e a presença de dentes cariados não tratados em adolescentes de 12 anos de idade. Para tanto, foi realizado um estudo transversal de base populacional com uma amostra (n = 589) representativa dos escolares de 12 anos de Araucária-PR. Os adolescentes foram aleatoriamente selecionados, através de amostragem por conglomerado em dois estágios, em escolas públicas e privadas do município. Um único examinador previamente calibrado (Kappa > 0,81) examinou clinicamente os escolares seguindo os critérios padronizados pela Organização Mundial da Saúde e mediu a experiência de cárie dentária pelo índice de dentes permanentes cariados, perdidos ou obturados (CPO-D) e a higiene bucal pelo índice de higiene oral simplificado (IHO-S) associado a observação direta da placa visível. Os adolescentes realizaram testes de preferência paladar ao doce pelo método Sweet Preference Inventory modificado e tiveram seus níveis salivares de estreptococos do grupo mutans (EGM) e lactobacilos (LB) estimados com uso de kits microbiológicos. Um questionário de frequência de consumo de alimentos com sacarose foi preenchido pelos próprios adolescentes. Dados socioeconômicos e de acesso aos serviços odontológicos foram obtidos por questionários enviados às mães. A associação entre o componente cariado do índice CPO-D, dicotomizado em presente e ausente, e as covariáveis foi avaliada através de análises de regressão de Poisson univariada e múltipla, com variância robusta, utilizando-se o SPSS versão 15.0. O CPO-D médio foi de 2,39 (DP 2,30), com 26,7% dos adolescentes livres de cárie. A prevalência de dentes cariados não tratados foi de 46,1% entre os escolares. O modelo múltiplo demonstrou que escolares com higiene bucal insatisfatória, elevados níveis salivares de EGM e LB, consumo diário de mais de 3 alimentos com sacarose, renda familiar de até 2,4 salários mínimos e cujo motivo da última visita da mãe ao dentista esteve relacionado a algum problema ou dor apresentaram maior prevalência de dentes cariados não tratados. Em escolares de 12 anos do sul do Brasil, as variáveis que melhor explicaram a presença de dentes cariados não tratados foram presença de grandes quantidades de biofilme com grupos bacterianos acidogênicos e acidúricos específicos, dieta rica em sacarose, baixa renda e busca por atendimento odontológico apenas curativo.
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