A mesa dos reis : medicina, alimentação e protocolo cortesão na Coroa de Aragão (séculos XIII e XIV)
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Data
2022Autor
Amatuzzi, Renato Toledo Silva, 1991-
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Resumo: A Coroa de Aragão, a partir do século XIV, presenciou um movimento interno de investimentos em recursos materiais e humanos na medicina. Foi durante o reinado de Jaime II (1291-1327) e Pedro IV (1336-1387) que se iniciou um processo de renovação dos ofícios da saúde e institucionalização dos saberes médicos, por meio da criação de universidades e mecanismos burocráticos e regulatórios dos ofícios da saúde. Partindo da metáfora organicista, que compreendia a sociedade medieval ao corpo humano, o rei era a cabeça do reino e, portanto, suas necessidades íntimas eram assuntos de primeira ordem. As próprias teorias médicas da época compreendiam os alimentos como condição fundamental para a conservação da saúde, a dietética, estabelecendo uma relação direta e vital entre aquilo que se comia e o equilíbrio do corpo. Para manter essa estrutura logística responsável por cuidar e nutrir o rei, sua prole e a corte, iniciou-se a organização dos próprios ofícios cortesãos. Desde a segunda metade do século XIII entendiam o palácio como a morada dos dois corpos do rei - o corpo político e o corpo biológico - logo um espaço essencial e digno dos melhores e mais diligentes funcionários. Essa tese tem como objetivo principal compreender as relações diretas e indiretas entre a saúde biológica, a alimentação e as decisões políticas régias analisando como necessidades privadas do rei interferiam na esfera pública e vice-versa, partindo do pressuposto de que a saúde do rei era a esperança de saúde do povo. Abstract: The Crown of Aragon, from the XIV century on, witnessed an internal movement of investments in material and human resources in medicine. It was during the reign of James II (1291 - 1327) and Peter IV (1336 - 1387) when started a process of renewal of the health occupations and institutionalization of medical knowledge through the creation of universities and bureaucratic and regulatory mechanisms of the health occupations. Considering the organicist metaphor, which understood medieval society to the human body, the king was the head of the kingdon. Therefore, his intimate needs were matters of first order. The medical theories of that time understood food as a fundamental condition for the health maintenance, the dietetic, establishing a direct and vital relation between what one ate and the balance of the body. In order to maintain this logical structure responsible for caring for and nurturing the king, his offspring and the court, the organization of the own court services began. Since the second half of the XIII century, one understood the palace as the abode of the king's two bodies - the political body and the biological body - thus an essential space and worthy of the best and most diligent employees. The main objective of this thesis is to understand the direct and indirect relationships among the biological health, the nourishment and royal political decisions, analyzing how the king's private needs interfered in the public sphere and vice versa, assuming that the king's health was the hope of people's health. Resumen: A partir del siglo XIV, La Corona de Aragón presenció un movimiento interno de inversiones en recursos materiales y humanos en medicina. Fue durante el reinado de Jaime II (1291-1327) y Pedro IV (1336-1387) que se inició un proceso de renovación de los oficios relacionados a la salud y la institucionalización de los saberes médicos, a través de la creación de universidades y mecanismos burocráticos y regulatorios de los oficios relacionados a la salud. Partiendo de la metáfora organicista, que comprendía la sociedad medieval como el cuerpo humano, el rey era la cabeza del reino, por lo tanto, sus necesidades íntimas eran asuntos de primer orden. Las mismas teorías médicas de la época comprendían los alimentos como condición fundamental para la conservación de la salud, la ciencia dietética, estableciendo una relación directa y vital entre lo que se comía y el equilibrio del cuerpo. Con el fin de mantener esta estructura logística responsable de cuidar y nutrir al rey, su descendencia y la corte se comenzaron a organizar los mismos oficios cortesanos. Desde la segunda mitad del siglo XIII veían el palacio como la morada de los dos cuerpos del rey -el cuerpo político y el cuerpo biológico-, por eso mismo un espacio esencial y digno de los mejores y más diligentes funcionarios. El objetivo principal de esta tesis es comprender las relaciones directas e indirectas entre la salud biológica, la alimentación y las decisiones políticas reales analizando cómo las necesidades privadas del rey interferían en la esfera pública y viceversa, partiendo de la premisa que la salud del rey era la esperanza de salud del pueblo.
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