O teste palográfico no contexto do trânsito : quais aspectos importam?
Resumo
Resumo: No Brasil, para a concessão da Carteira Nacional de Habilitação, é obrigatório que o candidato seja submetido à avaliação psicológica. O teste Palográfico é um dos testes de personalidade mais utilizados neste contexto. Entretanto, não há parâmetros sobre quais de seus aspectos e quais valores de medida, obtidos com a correção, indicariam risco no trânsito, o que gera falta de objetividade na correção deste. Assim, o objetivo da presente pesquisa foi realizar uma análise sobre o modo que a correção deste teste vem sendo realizada nas clínicas credenciadas pelo Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), no Paraná. Para tanto, foram aplicados questionários, contendo questões abertas e fechadas, em 295 psicólogos. Estes tinham entre 26 e 66 anos (média = 40,34; DP = 9,91), 94,9% eram do sexo feminino e trabalham com avaliação psicológica no contexto do trânsito há, em média, 8,17 anos (DP = 5,91). Os dados foram coletados durante um curso oferecido em parceria com o DETRAN Paraná. Os resultados fazem referência à falta de padronização na correção do teste, o que gera a possibilidade de um mesmo candidato ser aprovado por um psicólogo e reprovado por outro, dependendo do critério utilizado. Além disso, três problemas foram encontrados: a rapidez na correção do teste; o não uso dos materiais necessários para corrigi-lo e o erro de significado atribuído aos indicadores. Os testes tiveram média de tempo de correção de 19,81 minutos, sendo o menor tempo dois minutos, o que é pouco para corrigir a variedade de indicadores apontados como corrigidos. Entre os psicólogos que corrigem Inclinação dos palos e Distância entre as linhas, apenas 31,9% e 29%, respectivamente, utilizam o material necessário (transferidor). Entre os psicólogos que corrigem Tamanho dos palos, 75,9% utilizam a régua, sendo que a totalidade dos psicólogos deveria utilizá-la. Quanto aos erros de significado dos indicadores, 22,9% erraram o significado de Margem direita e 24,3% erraram o significado de Outras irregularidades do traçado, quando estavam relatando o que corrigiam naqueles indicadores. Os profissionais manifestaram que gostariam que houvesse padronização dos indicadores a serem corrigidos (67,6%), sendo que 28% gostaria disso para "Facilitar ou agilizar o processo". A partir dos erros de correção do teste e do pouco tempo utilizado nesse processo, discute-se a necessidade de prestar atenção na formação do psicólogo quanto à avaliação psicológica. No estudo também se evidencia a urgência em haver pesquisas que indiquem quais padrões, dentre os indicados no teste, seriam compatíveis com a segurança no trânsito. Abstract: In Brazil, for the granting of driver's license, it is mandatory that the candidate be submitted to psychological evaluation. The Palographic test is one of the most used personality tests in this context. However, there are no parameters on which of its aspects and what measurement values, obtained with the correction, would indicate traffic risk, which generates lack of objectivity in the correction. Thus, the objective of the present research is to perform an analysis on the way that the correction of this test has been performed in the clinics accredited by the State Department of Traffic (DETRAN), in Paraná. For this purpose, questionnaires, containing open and closed questions, were applied to 295 licensed psychologists. These are between 26 and 66 years (mean = 40.34, SD = 9.91); 94.9% are female; and they work with psychological evaluation in the context of traffic for 8.17 years on average (SD = 5.91). Data were collected during a training seminar, offered in partnership with DETRAN. The results refer to the lack of standardization in the correction process of the test, which generates the possibility of the same candidate being approved by one psychologist and rejected by another, depending on the criteria used. In addition, three problems were found: the time spent during the correction process; lack of application of proper methods to evaluate tests and the wrongful interpretation of test items. The tests had a mean correction time of 19.81 minutes, the shortest time was two minutes, which is not enough to correct the test with the right criteria. Among psychologists who corrected Slope of Sticks and Distance Between Rows, only 31.9% and 29% applied the adequate method (measurement via transferor), respectively. Among psychologists who corrected Size of Sticks, 75.9% use the ruler, and all psychologists have to use it. Regarding the errors of meaning of the items, 22.9% missed the meaning of Right margin and 24.3% missed the meaning of Other irregularities of sticks, when they were reporting what they corrected in those items. The majority of professionals stated that they would like to have a standard process to follow during the correction process (67.6%), and 28% would like this to "facilitate or expedite the process". From the errors of correction of the test and the low time used in this process, we discuss the need to pay attention to the psychologist's training regarding psychological assessment. The study also shows the urgency of having research that indicates which patterns, among those indicated in the test, would be compatible with traffic safety.
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