dc.description.abstract | Resumo: Neste trabalho, o transporte e o metabolismo do octanoato no fígado de rato foram investigados, utilizando basicamente a técnica da diluição de indicadores múltiplos no fígado em perfusão isolada. O fígado foi perfundido isoladamente com meio livre de hemoglobina (tampão Krebs/Henseleit-bicarbonato), oxigenado até à saturação com uma atmosfera de 95% de O2, aquecido a 37°C e suplementado com albumina e octanoato em concentrações variáveis. Os experimentos de diluição de indicadores consistiam na injeção simultânea de uma mistura contendo [1-14C] octanoato, [131 I] albumina (indicador para o espaço extracelular) e [3H] água (indicador para o espaço aquoso total) sob condições de estado estacionário previamente estabelecidas. O perfusado efluente foi fracionado e as curvas normalizadas, que refletem os eventos aos quais cada substância foi submetida no fígado, foram interpretadas. A interpretação baseou-se nos parâmetros obtidos ajustando equações matemáticas que descrevem vários mecanismos. As equações foram derivadas com base num modelo espaço-distribuído, com tempos de trânsito sinusoidais variáveis. Os parâmetros obtidos dos ajustes foram constantes de velocidade ou razões de constantes de velocidade para os fluxos entre estoques (compartimentos). A partir dessas constantes e da concentração extracelular foram calculadas velocidades de fluxos entre estoques e concentrações. Os resultados obtidos indicam que, para o octanoato, há três estoques cineticamente relevantes no fígado: (1) o estoque extracelular, que coincide com o espaço ocupado pela albumina; (2) um estoque celular que inclui a membrana plasmática e suas adjacências; (3) um outro estoque celular que inclui pelo menos o citossol e as mitocôndrias, onde ocorre a metabolização. O acesso do octanoato à membrana plasmática e suas adjacências, o primeiro estoque celular, é extremamente rápido e limitado pelo fluxo, sendo que a velocidade de acesso não pode ser determinada. A concentração de octanoato na membrana plasmática depende da concentração livre (octanoato não ligado à albumina) no espaço extracelular. A relação entre a concentração de octanoato na membrana e a concentração livre no espaço extracelular é parabólica. O acesso rápido à membrana plasmática está de acordo com dados físico-químicos acerca da velocidade com que o octanoato passa da albumina para membranas artificiais. A passagem do octanoato do primeiro (membrana plasmática) para o segundo estoque celular (citossol mais mitocôndrias) é lenta, sendo que a velocidade de transferência correlaciona com a concentração na membrana plasmática. A relação apresenta um fenômeno de saturação ou de pseudo-saturação. A metabolização correlaciona com a concentração no segundo estoque celular, mas a dispersão dos dados não permite distinguir com exatidão o tipo de relação. A concentração do octanoato no estoque que compreende o citossol mais as mitocôndrias é alta, bem maior do que a do palmitato em condições comparáveis. Isto explica a maior velocidade de metabolização do octanoato em termos absolutos. Por unidade de concentração, no entanto, a velocidade de metabolização do octanoato é menor que a do palmitato. | pt_BR |