dc.description.abstract | Resumo : As abelhas exercem papel essencial na atividade de polinização, consideradas fundamentais para a manutenção da biodiversidade e ecossistemas naturais. Estes insetos agem perenizando espécies endêmicas, como também participam na polinização dos sistemas agrícolas. É crescente o número de relatos sobre o desaparecimento de diversas espécies de abelhas, sendo as causas desta diminuição ainda não comprovadas, apesar das hipóteses existentes. Acredita-se que uma causa em potencial poderia ser o intenso uso de agrotóxicos nas propriedades rurais, visando o controle de pragas agrícolas. Existe uma gama de produtos fitossanitários à disposição no mercado, contudo, nem sempre seus efeitos são adequadamente conhecidos ou bem descritos, sendo a grande maioria dos estudos nesta área voltados para a compreensão dos efeitos de inseticidas. Conquanto, os herbicidas utilizados na agricultura também podem influenciar na mortandade dos polinizadores. Os herbicidas são utilizados para o controle de plantas daninhas e, frequentemente, para a secagem das culturas pré-colheita. Neste contexto, além de muitas plantas que produziriam flores morrerem precocemente, as opções que restam para alimentação das abelhas podem ser contaminadas pelos agroquímicos. Estes fatores podem afetar negativamente a sobrevivência destes insetos, corroborando fortemente com o enfraquecimento das colônias. Os herbicidas paraquat e o diquat, são amplamente utilizados na agricultura, principalmente para a senescência das culturas de interesse e também no controle de plantas daninhas, porém pouco se conhece sobre seus efeitos indiretos, afetando organismos não-alvo, entre eles os polinizadores como as abelhas. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a mortalidade das abelhas Scaptotrigona bipunctata submetidas à diferentes doses dos herbicidas paraquat e diquat, via contato e ingestão. Para tal, foram conduzidos dois experimentos, nos quais operárias foram expostas à contaminação. Ambos os experimentos foram conduzidos no delineamento de blocos casualizados em esquema fatorial 2 x 2 com tratamento adicional, em três repetições. Os tratamentos foram: dois herbicidas (paraquat e diquat), duas doses (50 e 100% da dosagem agronomicamente recomendada), além de um tratamento adicional sem contaminação (controle). Nos bioensaios, cada parcela foi composta por dez indivíduos coletados da entrada das caixas racionais, submetidos aos respectivos tratamentos e incubados em câmara B.O.D à 28oC durante 72 horas, sendo contabilizado o número de indivíduos mortos. Para o experimento de ingestão, os herbicidas, em ambas a doses, resultaram em maior mortalidade de abelhas em relação à condição controle, não diferindo entre si. Além disso, a dose de 100% resultou em maior toxicidade quando comparada à dose de 50%. Para a contaminação via contato, não houve aumento na mortalidade das abelhas pela intoxicação com os herbicidas. Dessa forma, conclui-se que a contaminação por ingestão com os herbicidas paraquat e diquat pode afetar a sobrevivência das abelhas sem ferrão, o que a longo prazo, pode alterar a viabilidade e a dinâmica das populações das abelhas Scaptotrigona bipunctata. | pt_BR |