Sexagem fetal em equinos : técnicas ultrassonográficas por acesso retal e predição baseada nas concentrações plasmáticas de testosterona materna
Resumo
Resumo: A sexagem fetal é uma biotecnologia subutilizada na equideocultura, no entanto o interesse por esta técnica tem se mostrado crescente. Os métodos atualmente descritos para o dignóstico do sexo fetal incluem duas abordagens por ultrassonografia transretal, uma por ultrassonografia transabdominal e uma pela detecção de DNA fetal livre circulante no sangue materno. Os objetivos do presente estudo foram: comparar duas técnicas de ultrassonografia transretal para a sexagem fetal em equinos; e avaliar a influência do sexo fetal sobre as concentrações plasmáticas de testosterona materna em éguas gestantes. Esse trabalho foi dividido em três capítulos, sendo o primeiro composto por uma revisão de literatura sobre sexagem fetal em equinos; o segundo acerca do experimento realizado em éguas da raça Crioula para comparação da eficiência entre duas técnicas de determinação ultrassonográfica do sexo fetal a campo (experimento 1); e o terceiro aborda o experimento realizado para avaliação da influência do sexo fetal sobre as concentrações de testosterona plasmática em éguas, entre o 5° e o 8° mês de gestação (experimento 2). No experimento 1 foram utilizadas 27 éguas, as quais foram submetidas à sexagem fetal pela identificação do tubérculo genital e à sexagem baseada na avaliação das gônadas fetais. Foi realizada uma única avaliação por técnica em cada animal e o sexo dos potros foi confirmado ao nascimento. A sexagem pela identificação do tubérculo genital ocorreu entre 59 e 65 dias de gestação, resultando em uma taxa de diagnósticos possíveis de 51,9% (14/27) e acurácia de 85,7% (12/14). A sexagem baseada na avaliação das gônadas fetais foi realizada entre 117 e 126 dias de gestação, sendo a taxa de diagnósticos possíveis 88,9% (24/27) e a acurácia 83,3% (20/24). A acurácia de ambas as técnicas não apresentou diferença estatística (P>0,05), no entanto a taxa de diagnósticos possíveis foi superior pela técnica baseada nas gônadas fetais (P<0,05). Conclui-se que, em condições de campo, a sexagem fetal pela avaliação das gônadas fetais apresentou melhor eficácia, tendo como principal vantagem a maior taxa de diagnósticos possíveis. O experimento 2 foi realizado em 21 éguas. Amostras de sangue foram coletadas, com intervalos de 30 dias, a partir de 150 dias de gestação até 240 dias. A testosterona plasmática foi determinada por radioimunoensaio e o sexo dos potros foi confirmado ao nascimento. Os valores de testosterona materna foram superiores nas éguas gestando fetos fêmeas aos 5 e 8 meses (P<0,05). Foram determinados valores limites para diferenciação dos sexos, sendo 35,5pg/mL para o 5° mês e 40pg/mL para o 8°. Éguas com testosterona plasmática igual ou acima dos valores limites foram preditas como gestando fêmeas e éguas com testosterona plasmática abaixo dos valores limites foram preditas como gestando machos. Aos 5 meses, os valores preditivos para fetos machos e fêmeas foram 70% e 88,9%, respectivamente; as taxas de detecção foram 87,5% e 72,7% e a acurácia total do exame foi de 78,9%. Aos 8 meses, os valores preditivos para fetos machos e fêmeas foram 80% e 90%, respectivamente; as taxas de detecção foram 88,9% e 81,8% e a acurácia total do exame foi de 85%. Conclui-se que o sexo fetal influenciou as concentrações plasmáticas de testosterona em éguas gestantes. A predição do sexo fetal baseada nas concentrações plasmáticas de testosterona materna pode ser realizada aos 5 e 8 meses de gestação com 78,9% e 85% de acurácia, respectivamente. Abstract: Fetal sexing is an underutilized biotechnology in equideoculture, however the interest in this technique has been increasing. The methods currently described for fetal sex diagnosis include two transrectal ultrasound approaches, one transabdominal ultrasonography, and one for the detection of free fetal DNA circulating in maternal blood. The objectives of the present study were: to compare two techniques of transrectal ultrasonography for fetal sexing in horses; and evaluate the influence of fetal sex on maternal testosterone plasma concentrations in pregnant mares. This work was divided into three chapters, the first being a literature review of fetal sexing in horses; the second one about the experiment conducted in Crioulo mares to compare the efficiency between two techniques of ultrasonographic determination of fetal sex under field conditions (experiment 1); and the third one deals with the experiment performed to evaluate the influence of fetal sex on plasma testosterone concentrations in mares between the 5th and 8th month of gestation (experiment 2). In the experiment 1, 27 mares were used, which were submitted to fetal sexing for identification of the genital tubercle and sexing based on the evaluation of the fetal gonads. A single technique evaluation was performed on each animal and the sex of the foals was confirmed at birth. The sexing by the identification of the genital tubercle occurred between 59 and 65 days of gestation, resulting in a possible diagnosis rate of 51.9% (14/27) and accuracy of 85.7% (12/14). The sexing based on the evaluation of fetal gonads was performed between 117 and 126 days of gestation, with the possible diagnosis rate being 88.9% (24/27) and the accuracy 83.3% (20/24). The accuracy of both techniques did not present statistical difference (P>0,05), however, the possible diagnosis rate was higher by the technique based on the fetal gonads (P<0,05). It was concluded that, under field conditions, fetal sexing through the evaluation of fetal gonads presented better efficacy, with the main advantage being the higher rate of possible diagnoses. Experiment 2 was performed on 21 mares. Blood samples were collected at intervals of 30 days, from 150 days of gestation up to 240 days. Plasma testosterone was determined by radioimmunoassay and the sex of the foals was confirmed at birth. The values of maternal testosterone were higher in the mares gestating female fetuses at 5 and 8 months (P<0.05). Limit values for sex differentiation were determined, with 35.5pg / mL for the 5th month and 40pg / mL for the 8th month. Mares with plasma testosterone equal to or above limit values were predicted as gestating females and mares with plasma testosterone below the limit values were predicted as male gestating. At 5 months, the predictive values for male and female fetuses were 70% and 88.9%, respectively; the detection rates were 87.5% and 72.7%, and the total accuracy of the examination was 78.9%. At 8 months, the predictive values for male and female fetuses were 80% and 90%, respectively; the detection rates were 88.9% and 81.8%, and the total accuracy of the examination was 85%. It was concluded that fetal sex influenced the plasma concentrations of testosterone in pregnant mares. Prediction of fetal sex based on plasma concentrations of maternal testosterone can be performed at 5 and 8 months gestation with 78.9% and 85% accuracy, respectively.
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