dc.description.abstract | Resumo: A questão do cotidiano é uma das temáticas fundamentais estudadas por diferentes ciências sociais na atualidade. Nessa tese, procura-se – de ponto de vista geográfico – entender como indivíduos estruturam suas interações através de significados, ações relações sociais. Em base de uma contextualização na Escola de Chicago, adotou-se a metodologia sócio-interacionista de Erving Goffman para interpretar um bairro da cidade de Curitiba (Paraná, Brasil) como um conjunto de palcos sociais. Nestes palcos, os moradores e outras pessoas exercem seus papéis através de suas ações, tornando os palcos assim tanto espaços de materialidade como de representações. Introduzimos – seguindo Goffman – desta maneira uma ótica teatral, na qual a individualidade e identidade do sujeito ganham a representação de sua pessoa através da apresentação do seu personagem, embutido no papel social, num espaço performático. A interpretação do espaço performático é tema das teorias teatrais de dois dramaturgos paradigmáticos do século XX, Constantin Stanislavski e Bertolt Brecht. Stanislavski pensava o ator como uma pessoa que apresenta, em plena sintonia consigo, a vida humana mais completa possível, incorporando o personagem no papel. Brecht, por sua vez, via no ator uma pessoa que necessitava se afastar do seu papel, para compreender de forma crítica o personagem como membro da sociedade. Levando, assim, em consideração o processo dramatúrgico e as apresentações que ocorrem no dia-a-dia entre sintonia e dissonância pessoal, escolhemos os palcos de um bairro da cidade de Curitiba, o Bairro Alto, onde a pesquisa empírica demonstra, com a ajuda de 13 exemplos cotidianos, a complexidade das encenações entre a vida privada e o espaço público. Os moradores, e trabalhadores, como atores no bairro assumem – de acordo com suas fachadas – seus papéis dentro da sua infra-estrutura pré-existente, como casas, lojas, ruas e outros estabelecimentos. O indivíduo enquanto personagem pode aprender, neste contexto, seu papel social. Forma o seu “eu”, a partir da interação com outros indivíduos e se torna na vida cotidiana dramaturgo de sua própria história, assim que pode mudar o texto e o contexto em que se apresenta. | pt_BR |